Na semana passada, falei nesse mesmo espaço que o Bahia estava precisando de triunfos consecutivos, algo que só tinha acontecido nos dois primeiros compromissos da competição, para poder respirar tranquilo. Por mais óbvio que isso pudesse parecer, destaquei ainda que eu estava contando com um possível efeito Fonte para que isso pudesse acontecer. E foi exatamente como ‘previ’. Dois triunfos, seis pontos e o clube chegou à primeira parte da tabela, na nona colocação. Antes, ainda teve a goleada contra o Melgar, que garantiu a equipe entre os 16 melhores da Sul-americana.
Sendo justo, somando aos dois triunfos anteriores em Pituaço, o Esquadrão já contabiliza cinco seguidos como mandante, enfileirando Vasco, Atlético-MG, Melgar, Botafogo e Fortaleza. Precisa confirmar a evolução agora longe da Fonte, já que os dois próximos compromissos serão como visitante, contra Coritiba e Red Bull Bragantino. Vale lembrar que o Bahia derrotou os dois no primeiro turno.
Se tem uma coisa que combina com o Esquadrão é ganhar as partidas de maneira dramática e aguerrida, com chutão para todo lado, carrinho arriscado, discussões. Está na essência. É bem verdade que o Bahia poderia ter resolvido o triunfo de ontem, por 2 a 1, contra o Fortaleza, na técnica, bem antes. Com o excesso de ataques desperdiçados, o jogo virou uma verdadeira batalha, que felizmente foi vencida na base da garra e da entrega. No gol de Juninho, cheguei a ficar com medo que o VAR anulasse, porque deu a impressão que Capixaba jogou a bola com a mão, tal a precisão do cruzamento, complementado por uma linda cabeçada. No gol de Gilberto, de pênalti, houve tensão real sobre possível revisão.
O treinador é Mano, que já demonstrou conhecimento e capacidade para montar as escalações de acordo com o que se espera do jogo e do adversário, mas sigo com a esperança de ver Daniel e Rodriguinho jogando juntos. Mesmo entendendo que, para que isso aconteça, será necessário abdicar de peças com outras características também importantes para o funcionamento do time. Além disso, essa opção de seguir contando com um ou outro em campo vem dando resultado. Desde o retorno de Rodriguinho, eles não estiveram juntos em campo em nenhum momento. E foram três triunfos. Ontem, achei que os dois se destacaram menos que antes.
A presença simultânea dos dois poderia representar uma perda de combatividade, velocidade ou presença de área, a depender da peça a ser sacrificada. Pelo melhor lado, porém, daria acréscimo de técnica e criatividade interessantes. Além de proporcionar para os dois a oportunidade de poder ‘dialogar’ em campo com alguém que fala a mesma linguagem da bola.
Longe de fazer comparações, já que os dois não tiveram a felicidade de jogar no Esquadrão, uma das duplas de meio-campistas mais famosas do futebol mundial, Xavi e Iniesta, era responsável por fazer funcionar bem tanto o Barcelona, quanto a seleção espanhola. Eles tinham características similares e outras complementares.
Uma curiosidade que une essas duas parcerias está relacionada aos números. Enquanto os espanhóis se revezavam entre as camisas 6 e 8 entre o clube a seleção, com Xavi com a 6 no clube e 8 na seleção e Iniesta o contrário, os brasileiros dividem duas camisas históricas do Bahia entre as competições. Daniel é o 8 quase o tempo todo, exceto na Sul-americana, em que veste a 10, enquanto Rodriguinho, que é o 10 do elenco, ostenta a camisa 8 na competição continental.