Na semana em que a palavra ansiedade ganhou ainda mais notoriedade no Brasil em virtude da insensata declaração do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que disse não entender o motivo para tamanha ansiedade pelo início da vacinação num cenário de mais de 183 mil brasileiros mortos pela Covid, dou o pontapé inicial nesta coluna compartilhando que estou junto com você, caso integre o time dos milhões de ansiosos. Afinal, essa agilidade significaria salvar vidas, o que, pelo visto, é irrelevante para quem deveria guiar essa prioridade.
Tempos difíceis. Mas vamos aqui falar um pouco de bola na busca por um momento de relax. Opa, se você é Vitória, essa não é lá uma boa ideia, afinal, distração simplesmente não está rolando. No quesito futebol, a ansiedade também impera entre os rubro-negros. Não, logicamente, motivada pela expectativa para o duelo das 16h de hoje, contra o lanterna e virtual rebaixado Oeste. Ela está ligada à vontade de chegar logo o fim de janeiro para a atual Série B terminar. O torcedor não vê a hora de vislumbrar uma temporada diferente das últimas cinco. Falarei mais sobre isso.
Bem distante da expectativa criada antes da competição, as nove rodadas finais, esperadas para o sprint final rumo ao acesso, se limitará ao mesmo objetivo do ano passado: somar os pontos necessários para evitar o risco de rebaixamento. Só pra te posicionar, ao final de 29 jogos na segundona de 2019, o Vitória somava 33 pontos, três a menos que agora. Isso significa apenas uma preocupação ligeiramente mais amena, já que são necessários nove pontos em 27 a ser disputados para evitar qualquer risco de descenso.
Ah, se você é daqueles otimistas que colocam a matemática pra funcionar sempre sob sua ótica, o Vitória, mesmo numa apoteótica campanha de vencer todas as partidas restantes, só chegaria a 63 pontos, o que hoje, segundo os matemáticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica possibilidade de 99,6% de estar entre os quatro classificados à Série A. Os mesmos especialistas colocam o Leão com 0,21% de acesso. Acredito que até os otimistas desanimaram depois dessa.
É encarar a realidade. Como rapidamente citado antes, ela aponta para o quinto fim de ano consecutivo sem ter motivos para comemorar. Me refiro a 2015 como o último ano de alegria, quando o Rubro-Negro findou a temporada carimbando acesso na presença de mais de 42 mil pessoas na Fonte. A dupla 16ª colocação na elite nos dois anos seguintes nem de longe foi algo para se alegrar. O alívio perdeu espaço para a tristeza com a queda em 2018. Aí veio o já mencionado 2019, de uma melancólica 12ª posição na Série B, com o fantasma do rebaixamento se afastando da Toca apenas na penúltima rodada.
Sonhar com um cenário diferente dessa vez só será possível a partir de fevereiro, coincidentemente quando o governo federal ‘espera’ iniciar a vacinação. Digo espera porque essa é a previsão otimista do plano apresentado sem data certa para o início da imunização. Leve contextualizada para voltarmos ao Vitória mais uma vez. Retorno com uma boa notícia. Vem aí, caso não ocorram duas derrotas seguidas, 12 dias de relativo sossego, período entre o último jogo do ano, na próxima terça, diante do CSA, e o primeiro de 2021, contra o Operário, no Barradão.
É fazer uma corrente positiva para o time voltar à Salvador com uns pontinhos nesses últimos dois jogos de 2020 e, assim, pelo menos permitir ao torcedor uma merecida trégua de fim de ano com a preocupação. Obviamente, possível apenas com relação ao futebol.