Mesmo com todo o turbilhão em que se encontra, o Vitória não era para estar passando por tal situação | Foto: Pietro Carpi | EC Vitória
Comemoração. Na verdade, alívio. Este foi o sentimento entre jogadores e comissão técnica do Vitória expresso em abraços calorosos ao apito final no Brinco de Ouro da Princesa, na última quarta. Não era pra menos. A equipe, que entrou em campo há seis jogos sem vencer, deu, sem dúvidas, um grande passo para evitar uma tragédia ainda maior do que a que já se encontra o clube, envolto em dívidas e anos de crise dentro e fora de campo.
Um resultado que deu a condição de o Leão, antes dependente também dos outros, de precisar apenas de si para se salvar da Série C. Pesadelo este que pode fugir de vez do horizonte rubro-negro para 2021 já na próxima rodada, caso o Figueirense não vença o Juventude, forte na briga pelo acesso, hoje, em Caxias do Sul. Aí restaria ao Vitória fazer sua parte e garantir três pontos contra o rebaixado Botafogo-SP, terça, no Barradão.
Esse é o desfecho de momento esperado pelos rubro-negros para mais uma temporada que não deixará de ser amarga. Afinal, lutar para permanecer na Segunda Divisão é humilhante para um clube com 37 participações na Série A e que, ao lado do Sport, é o representante nordestino mais assíduo da elite nacional desde o início da era dos pontos corridos, em 2003: têm 10, cada. Números que sugerem respeito a um dos clubes mais antigos do Brasil, mas que não conseguem confortar os rubro-negros, visivelmente temerosos, não só com o presente, mas também com o futuro.
Mesmo com todo o turbilhão em que se encontra, o Vitória não era para estar passando por tal situação. Afinal, se considerarmos os valores das folhas de pagamento dos jogadores em CLT dos times da Série B, em levantamento do BR Contracts feito em maio de 2020, o Leão iniciou o campeonato, juntamente com a Chapecoense, com a segunda maior folha: R$ 1 milhão. Número este que não só sugere, mas deixa clara a incompetência na formação do elenco, que se limitou à segunda parte da tabela na maior parte do campeonato.
Uma grande parte desse reprovado elenco tem contrato, no mínimo, até o final de 2021. Dos 17 jogadores utilizados por Rodrigo para vencer o Guarani, apenas César, Lucas Cândido, Marcelinho, Matheus Frizzo e o salvador Léo Ceará encerram seus vínculos ao final da Série B. Só a título de informação, o hiper criticado Van tem contrato até dezembro de 2022, enquanto o atacante Mateusinho, de péssimo desempenho na temporada apesar da assistência para o primeiro gol de Léo Ceará na quarta, tem vínculo com o clube até julho de 2023. Sugiro pausa e respiração profunda.
Voltemos. A difícil repaginada no elenco ainda esbarra em outro fator: o clube está impedido de registrar jogadores até junho devido à punição em virtude de dívidas mantidas dos últimos anos. Em entrevista à Rádio Salvador FM no último dia 12, o diretor jurídico Dilson Pereira Júnior disse que o clube contava com o pagamento da segunda parcela da venda do volante Diego Rosa, negociado pelo Grêmio junto ao Manchester City, para sanar as dívidas que resultaram na punição e, assim, conseguir a liberação para registrar atletas.
Pois bem: o dinheiro, na quantia de cerca de 800 mil euros ( R$ 5,1 milhões), caiu semana passada na conta do clube, mas a punição segue ativa. Só pra te situar, o Vitória tem direito a 30% da negociação, concretizada em agosto por 6 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões, na cotação da época). Se o clube ainda busca resolver esse entrave jurídico, que consiga pelo menos, de preferência já na terça, evitar algo que pode complicar ainda mais o futuro da instituição.