Me apropriando de uma entre tantas pérolas do nosso riquíssimo baianês, hoje é mais um dia de ‘largar o doce’ para a torcida rubro-negra. Numa semana em que nos espantamos ao saber da farra de leite condensado do governo federal, que ‘gastou’ R$ 15 milhões em 2020 com este ingrediente titular em tantas sobremesas, nada melhor do que falar a verdade nua e crua. Este, a propósito, caso não saiba, é o real significado da expressão soteropolitana a qual me referi.
Então, vamos lá. Ufa, até que enfim acaba hoje mais uma Série B. Apenas para cumprir tabela, o Vitória encerra à noite a sua segunda participação seguida de forma melancólica na competição. Em campo, resta observar possíveis jovens peças a serem utilizadas na empreitada da temporada 2021, quando o clube vai precisar fazer diferente em praticamente tudo caso queira cumprir sua real obrigação na divisão de acesso do Brasileiro: subir. Me excluo daqueles que comemoraram a permanência. Aliviado, apenas, fiquei.
Como quem acompanha minimamente o clube está ciente, problemas a serem sanados superam a esfera do campo. À beira dele, ao menos, um alento: Rodrigo Chagas. De interino a auxiliar, depois de auxiliar a efetivo, o ex-lateral cria da Toca pode bater no peito e dizer que guiou a salvação de um trágico rebaixamento à Série C. Mais que isso, mostrou um desempenho digno de ser mantido no posto. Apesar dos diversos problemas do clube nas duas vezes que assumiu o time, manteve um desempenho em nível de acesso: conquistou 53,3% dos pontos em dez jogos: quatro vitórias, quatro empates e duas derrotas.
Só a título de comparação, desempenho superior aos 52,3% de aproveitamento que dão ao quarto colocado, Juventude, a condição de depender apenas de si para carimbar o acesso à Primeira Divisão hoje à noite. Se a renovação de Rodrigo se apresenta como encaminhada, não só pela eficiência apresentada, mas também pelo baixo custo na operação para manter o jovem treinador – visto a crise financeira do clube – a questão do elenco apresenta uma resolução bem mais complicada.
Poucos aprovados
Sem Léo Ceará, já de malas prontas para o futebol japonês, a única unanimidade do elenco que segue no clube é o goleiro Ronaldo, desfalque sentido nessa reta final de competição. Recorrendo novamente aos números, o arqueiro garantiu a menor média de gols sofridos entre os goleiros da Série B: em 26 jogos realizados, levou 25 gols, o que dá uma média inferior a um gol por partida. Quando aponto apenas Ronaldo como unanimidade, não quero dizer no embalo que todos os demais com contrato vigente após janeiro não tenham condições de integrar um time competitivo para esta temporada.
Digo que pouquíssimos mostraram condições para tal. Cito, sem contar a garotada da base, três: Wallace, pela liderança de sempre, Vico e Alisson Farias, de temporada muito prejudicada em virtude das lesões. Dos que encerram seus contratos, agradaria apenas a manutenção do volante Matheus Frizzo e do meia-atacante Thiago Lopes, contratados já no final de outubro, e que corresponderam bem. Mas pra tentar manter os dois, além do acerto com os jogadores, o Vitória precisa se acertar com a Justiça. Afinal, como já mencionei em colunas anteriores, o clube está proibido de registrar atletas até junho em decorrência de dívidas. Essa é a dura realidade do Leão.