Marcelo Lomba está a dois jogos de completar 100 atuações com a camisa do tricolor baiano
Prestes a completar dois anos de Bahia, Marcelo Lomba - que chegou ao clube em maio de 2011 - fará 100 jogos pelo tricolor no próximo dia 17, quando o time estreia no Estadual.
Em entrevista exclusiva ao ESPORTE CLUBE, o carioca - que mora sozinho, mas recebe sempre as visitas dos pais e do filho João, de 1 ano e 7 meses - afirma se sentir tão bem em Salvador que nem tem mais saudade do Rio, mas cobra a conclusão das obras do metrô na capital baiana.
O goleiro também comenta o fracasso do Esquadrão no Nordestão e assuntos polêmicos como salários atrasados e a fama que o grupo do Bahia tem de ser baladeiro.
São quase dois anos em Salvador. Já se sente um pouco baiano?
Sim, tanto que nem tenho muita saudade do Rio. Aqui fiz amigos pra vida inteira, conheci pessoas que vou levar sempre comigo. Apesar disso, ainda acho que o Rio é mais bonito.
E do que mais gosta aqui?
Gosto do povo, que é animado, receptivo. Fui bem recebido desde o início. Quero manter residência aqui, depois que for embora. Pra poder vir pra passar férias.
E no mais? Comidas? Música?
Gosto de moqueca de camarão e vatapá, mas acho acarajé muito gorduroso. Quanto à música, acho legal o arrocha. Inclusive, o Kartlove é um dos melhores amigos que fiz aqui. Só não gosto do pagodão mais pesado. Curto Parangolé e Harmonia.
No que você acha que Salvador tem que melhorar?
Principalmente no trânsito, né? A Paralela só vive engarrafada. Tem de sair o metrô!
Gosta das festas daqui?
Todos sabem que, nas folgas, gosto de ir, mas tenho evitado.
O grupo do Bahia tem fama de ser baladeiro. O que acha disso?
Não sei. Respondo por mim. Cada um faz o que achar melhor. O que é importante é se dedicar 100% aos treinamentos. Não vejo problema em o jogador ter sua vida social, claro que com limites.
O que dizer sobre o fracasso na Copa do Nordeste?
Foi uma frustração muito grande que veio por um descuido nosso. Em dois jogos, botamos tudo a perder. Mas foi uma lição dura que todo mundo aqui teve que aprender.
Os goleiros costumam ter uma visão mais crítica sobre o time e pagam geral quando há insucessos. Você fez isso?
Não, porque foi uma frustração tão grande, quase uma humilhação, que todo mundo ficou sem reação.
Sobre a questão do atraso de salários que veio à tona em meio aos jogos do Nordestão, qual a sua opinião?
O Bahia tem quitado os salários corretamente quase sempre. Acredito que foi uma coincidência que os atrasos tenham acontecido simultaneamente à queda no Nordestão. As pessoas julgam como querem, mas eu garanto que a eliminação não teve relação com o atraso. A não ser que você fique uns três meses sem receber. Aí, não tem como não afetar o grupo.
Em entrevista ao ATEC, Fahel disse não ter gostado quando Titi e Souza expuseram a dívida do Bahia com os atletas. Afirmou que é assunto para ser tratado internamente. Concorda?
Cara, eu não jogo desculpa pra cima de salário. Quem tem que falar sobre isso é a diretoria. Eu procuro evitar tocar nesse assunto.
Você é quase uma unanimidade para a torcida, mas já teve de ouvir críticas negativas?
Ah, sempre tem. Até no estádio. Eu erro um lance e já ouço gritos de reprovação. Mas é pouco. Graças a Deus, tenho mais momentos de felizes do que tristes no Bahia.
Considera que já viveu fase melhor no clube?
Tive um 2011 excelente. Fui eleito um dos melhores goleiros do Brasileirão . Já 2012 eu acho que foi apenas bom, apesar de eu ter sido decisivo na final do Baiano e ter feito um Brasileiro muito regular. Quero fazer este ano melhor do que o que passou.
O curioso é que você é ídolo da torcida sem nunca ter defendido um pênalti...
Engraçado isso. No Flamengo, peguei o primeiro pênalti que tive contra mim. Mas eu tô melhorando. Fico treinando todos os dias e um dia vai acontecer. Apesar disso, a torcida gosta de mim porque sou regular. Meu índice de erros é baixo e consigo ser decisivo em momentos cruciais.
Falta ter mais paciência para esperar a decisão do batedor?
Todo mundo tem uma tese, mas sei que não há fórmula. Cada goleiro tem seu jeito de defender pênalti. É um misto de treino, intuição e sorte.
O que você não pode deixar de fazer pelo Bahia antes de sair?
Fazer um Campeonato Brasileiro que dê orgulho à torcida. Meu sonho é jogar todo o Brasileirão com o estádio cheio e, para isso, precisamos fazer um primeiro turno melhor, terminando pelo menos entre os sete primeiros. Quero ver o Bahia brigar de igual para igual com os grandes, apesar de saber das diferenças de investimento. Mas é possível, pois Figueirense e Paraná, que movimentam menos dinheiro do que o Bahia, já fizeram belas campanhas nos pontos corridos.
Qual seria a solução para isso?
Não podemos ter tantas mudanças no intervalo entre Baiano e Brasileiro. Não dá pra montar um time novo, é preciso ter continuidade.
Se tivesse que escolher, você preferiria o bi baiano ou uma bela campanha no Brasileirão?
Neste caso, ficaria com o bicampeonato estadual e uma campanha que não nos rebaixasse no Brasileiro.
O que o torcedor pode esperar do time que Jorginho está testando nos treinamentos?
Precisávamos de jogadores de maior velocidade. O Adriano vai cair muito bem no time e, assim como o Marquinhos Gabriel, vai nos dar a velocidade que precisávamos. O Paulo (Rosales) também vem mostrando boa técnica e o Obina é um artilheiro que se dedica muito ao time.
E o Obina? Parece que ele vai botar o Caveirão no banco...
Mas é essa disputa faltava pra gente. A gente talvez não fosse bem no Brasileiro por isso. Quando o Souza se machucava, não tinha reserva à altura dele. Agora tem. Além disso, há uma bela briga por posição na zaga, eu tenho a sombra de um grande goleiro que é o Omar... isso vai fazer o time evoluir e o grupo se dedicar ainda mais nos treinos.
Quando você entrar em campo pelo Bahia, para seu jogo 100, o que virá à sua mente?
Acho que a final do Baiano do ano passado, minha maior alegria aqui. Mas temos de deixar isso um pouco pra trás. Esse título gerou até uma acomodação no grupo. É preciso pensar à frente. Mirar o bicampeonato e, no Brasileirão, fazer uma campanha digna do Bahia dos bons tempos.