O ídolo Diego Maradona se lançou nesta quinta-feira a uma guerra verbal com o presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA), Júlio Grondona, a quem acusou de "parecer um mafioso", numa resposta ao dirigente sobre seu doping no Campeonato Mundial de Futebol dos Estados Unidos - 1994.
"As vezes (Grondona) tem pinta de mafioso", disse Maradona em declarações radiofônicas, em meio ao tiroteio que surgiu pela escolha do novo técnico da seleção argentina com a renúncia de José Pekerman, após a desclassificação da alviceleste do Mundial da Alemanha - 2006.
O bate boca entre Maradona e o presidente da AFA começou logo que o técnico do Boca Juniors, Alfio Basile, anunciou o desejo de assumir de imediato a seleção argentina, que tem dois jogos amistosos programados para este ano, contra Brasil e Turquia.
Sem substituto no Boca Juniors, Basile compartilhará as funções até 14 de setembro, isto é, até depois das primeiras rodadas do torneio Abertura e da Recopa Sul-americana, na qual enfrentará o São Paulo, cujas partidas serão realizadas em 7 e 14 de setembro.
Como fervoroso torcedor do Boca, Maradona não escondeu suas críticas a Grondona, o que desatou uma irada resposta do dirigente argentino, também vice-presidente da Fifa.
"Tem que falar menos e atuar mais", disse Grondona na última terça-feira, aconselhando o ídolo a assumir a direção técnica do clube portenho.
De passagem, o dirigente assegurou que Maradona "cortou as pernas sózinho", ao mencionar uma famosa frase do ex-capitão da seleção argentina quando se confirmou o doping.
"Cortaram-me as pernas", dissera naquela ocasião Maradona, impedido de continuar a carreira, num episódio que perturbou a seleção argentina, então dirigida por Basile, e que acabou eliminada do Mundial americano.
Maradona não demorou em responder a Grondona, ao sustentar nesta quinta-feira que o dirigente "sabe muito bem que não cortei as pernas só".
O ex-jogador recalcou que "eu tenho hoje a memória muito fresca. Os mesmos que disseram que estava tudo bem, chamem-se (o secretário da Conmebol, Eduardo) Deluca ou chame-se Grondona, depois me entregaram", disse sobre o ocorrido no Mundial dos Estados Unidos.
Revelou que "o senhor Deluca me disse que estava todo arranjado. Não tenho que arranjar nada. Se eu me equivoquei, me equivoquei eu. Ou se equivocaram os que me levaram, que eu assumo a preparação física que eu tinha", afirmou sem dar outras declarações.
"Grondona eu creio que seja um grande dirigente, mas também creio um grande poderoso. E os poderosos hoje mandam no futebol", ironizou Maradona.
Para substituir Basile, o Boca ofereceu o cargo a Marcelo Bielsa, Ricardo Lavolpe, Miguel Angel Russo e Gerardo Martino, mas todos se negaram por diversos motivos. O próprio Maradona, que teve uma efêmera experiência como técnico, tinha respondido negativamente a uma consulta que lhe fez o presidente do Boca Juniors, o empresário Mauricio Macri.
No entanto, nesta quinta-feira o ex-jogador disse que "não tem que descartar nada, mesmo lembrando que deve cumprir antes alguns contratos na Noruega, Suécia e Dinamarca".
"Eu gostaria de provar a todo o mundo que estou bem, que estou são, que posso dirigir uma equipe", afirmou o ex-capitão, recuperado do vicio, segundo confessou várias vezes.
Macri ratificou nesta quinta-feira que Maradona "é o candidato número um" para dirigir o Boca, mas advertiu que só assumirá "se cumprir com a formalidade (do cargo), com horários, com a rotina".