Fernando Meligeni anunciou hoje em comunicado sua renúncia ao cargo de capitão da equipe brasileira que disputa a Copa Davis e atribuiu sua decisão a problemas com a cúpula da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).
"Me sinto totalmente bloqueado e não consigo trabalhar assim", expressou Meligeni, que se declarou triste e agradeceu o apoio recebido dos jogadores desde que assumiu, no início de 2005.
"Não existe um planejamento na CBT. A Davis é o carro-chefe do tênis no Brasil e não vem sendo tratada dessa maneira. Me sinto totalmente bloqueado e não consigo trabalhar assim. Um projeto como esse exige envolvimento completo de todos e isso não estava acontecendo, por isso, resolvi me afastar", explicou.
Meligeni tinha antecipado sua decisão na semana passada durante uma conversa com o presidente da CBT, Jorge Rosa, e em comunicado aos jogadores da equipe.
"Estou triste com essa decisão e aproveito para agradecer a todo o time, pelo empenho, pela garra, pela amizade e por esse tempo que passamos juntos. Foi realmente muito especial", elogiou Meligeni.
As dificuldades financeiras da CBT, que impediram o ex-jogador de impulsionar um programa de formação de novos talentos, assim como a falta de autonomia para escolher locais de treinamentos e sedes para as partidas oficiais da equipe, aceleraram seu afastamento da equipe.
Atualmente, nenhum tenista brasileiro está entre os cem primeiros do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP).
Meligeni assumiu o cargo no início de 2005 e pôs fim a uma rebelião dos tenistas mais experientes, que se negavam a jogar pela equipe brasileira.
Com ele no banco e os titulares na quadra, o Brasil derrotou Uruguai, Peru, Colômbia e Equador, para chegar à disputa por uma vaga no Grupo Mundial da Davis, mas perdeu em casa para a Suécia.
A escolha de Belo Horizonte para as partidas teria aumentado a tensão entre Meligeni e os diretores, pois a localização da cidade, a 800 metros de altitude, favoreceu o trabalho dos suecos, segundo a análise de Meligeni, que queria jogar no nível do mar e sob muito calor, para desgastar os rivais.
Fontes da CBT assinalam que o sucessor será escolhido no ano que vem, uma vez que o Brasil só voltará a competir em abril contra o ganhador da disputa entre Canadá e Colômbia.