Marat Garipov se diz pronto para encarar os rivais em defesa do Brasil
O norte-americano Larry Taylor, no basquete, e a chinesa Gui Lin, no tênis de mesa, são alguns exemplos de estrangeiros naturalizados que formarão a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 2016.
A lista de gringos promete crescer com a possibilidade de inserção do cazaque Marat Garipov, de 30 anos, da luta olímpica, estilo greco-romano. Se for aprovado, ele se juntará ao armênio Eduard Soghomonyan (130 kg), 25, que vive há três anos no Brasil.
"No meu país, o esporte número um é a luta, assim como no Brasil é o futebol. Por isso, vim para cá me naturalizar", explicou Garipov, na quarta-feira, 12, durante o Mundial Júnior de Wrestling, que começou na terça-feira e será encerrado no próximo domingo, no Centro Pan-americano de Judô (CPJ), em Lauro de Freitas.
O 'socorro' oferecido por Garipov tem tudo para ser aceito diante da fragilidade com a qual os brasileiros vêm sendo abatidos no CPJ. O primeiro a perder na quarta foi Guilherme Dias, vencido pelo indiano Rhaul, na categoria até 84 kg.
Depois, caíram em sequência Lucas Leocádio (55kg), Joílson Júnior (66kg) e Rafael Filho (120kg). "Fico com pena de ver os brasileiros perdendo e quero vingá-los", afirmou, inquieto, Garipov, cujo processo de naturalização já está em andamento.
Marat ocupa a 18ª colocação no ranking mundial do peso até 59 kg, formado por 35 atletas. Com trânsito fácil entre os lutadores, ele fala russo, português e, claro, sua própria língua de origem, facilitando a comunicação no CPJ.
"Estou aqui com o dinheiro da minha família. Tenho parentes que acreditam no meu potencial como lutador e estão pagando por mim", explicou. Com residência fixa em São Paulo desde 2010, Marat cumpre os requisitos básicos para a naturalização, atestou a assessoria da Federação Brasileira de Wrestling (FBW).
O maior desafio, caso tenha êxito na empreitada, é classificar-se entre os três melhores de sua categoria na seletiva do Mundial Sênior, em setembro, nos Estados Unidos. Os três melhores carimbam a vaga para a Rio-2016.
"Fui medalha de prata na Copa do Mundo de 2009, na França, lutando no peso até 57 kg", referendou Marat, lembrando ter vencido cubanos e americanos, que na época foram algozes dos brasileiros.
Comparações
Para ele, o choque de culturas não chega a ser tão grande entre o Brasil e seu país, mas o calor faz diferença. "Aqui não tem neve nem frio, mas tem carne e churrasco", compensou o lutador.
Uma diferença é quanto à comemoração do ano novo. "No meu país, o ano novo é comemorado no dia 29 de março, com luta. Quem vence ganha prêmios como cavalo, carro e dinheiro", explicou.