Teste de Bruno Galini mostrou resultado acima do esperado
O surfista baiano Bruno Galini se saiu bem dentro e fora da água da Praia de Papa Gente, onde está sendo realizado o Praia do Forte Pro, o WQS de surfe, divisão de acesso à elite do surfe mundial que chegou ao segundo dia nesta quarta-feira, 27.
Em cima das ondas, Galini foi um dos cinco baianos que trabalhou satisfatoriamente nesta quarta. Nas baterias disputadas no sistema eliminatório, na qual de quatro atletas passam apenas dois, ele surfou em primeiro lugar com o somatório de 13,35, superando Magno Pacheco, segundo colocado com 9,85.
Fora delas, ele também mostrou que está concentrado nas provas sem deixar de lado a saúde, ao apresentar taxas de 100 e 97 nos testes de glicemia. A iniciativa inédita para o circuito consiste em colher amostras de sangue antes e depois das baterias.
O teste procura detectar se o atleta competiu sem se alimentar adequadamente, como apontou o relatório divulgado pela organização do circuito. "Eu comi mingau de aveia, sanduíche, batata-doce cozida, sucos. Vim bem alimentado", contou o surfista. Seu resultado contrastou com o do colega Osvaldo Nunes, um dos que mostrou um resultado abaixo do esperado.
Antes de cair na água, Nunes apresentou taxa de 67 e na volta 25. Coincidência ou não, Galini terminou em primeiro e Osvaldo foi eliminado de sua bateria. Segundo os organizadores, detalhes assim podem interferir no desempenho do atleta que, às vezes, focado somente na prova se alimenta insuficientemente. "A gente nada muito, de uma onda para outra, tem que voltar e a bateria exige energia. Isso requer estar bem alimentado", concordou Galini.
Um resultado como o de Osvaldo Nunes, segundo o pessoal encarregado de colher as amostras de sangue, dá a entender que ele estava praticamente em jejum. Houve concentração em competir bem, em detrimento de uma alimentação adequada. Para ajudar os atletas a tomarem os devidos cuidados, os resultados das amostras serão enviados para o e-mail de cada um deles.
Nesta quarta, as meninas ficaram de folga, só acompanhando as baterias que vão ser reiniciadas nas quartas de final. Já os homens, voltam a cair na água pelas oitavas de final da competição nesta quinta, 28.

Barraca onde se expõe o lixo recolhido de navios estrangeiros
Qualidade da água
Cuidado também com a qualidade da água em que os surfistas disputam as baterias mobiliza a ONG Global Garbage e a Associação Capitães da Areia, que montaram um estande em comum customizado com os materiais recolhidos. Voltados para a coleta seletivas de lixo internacional descartado no mar, integrantes dos dois grupos recolheram 50 kg desse material só esta semana. Foram encontrados de plástico a cilindro de refrigerante e de embalagens de xampu a botijão de gás, todos com definições de idiomas estrangeiros.
De acordo com a educadora ambiental Carla Circenis, os materiais mais recorrentes são os que têm rótulos em inglês, os de países orientais como a Coreia e também da vizinha Argentina. A poluição no mar ameaça a saúde dos animais e dos próprios surfistas. "Principalmente, quando se torna microlixo e passa a ser dieta de alguns peixes, explicou Carla Circenis".
"Já peguei algumas viroses, não sei se por causa disso. Em algumas praias têm esgoto perto, mas acho que já criei tantos anticorpos que poderia até já ter ficado mais doente", afirmou Bruno Galini.
Ele próprio e o colega Marco Fernandez, que terminou como melhor surfista baiano nas baterias do dia, com nota 13, costumam se deparar diariamente nos treinos com sujeira no mar. "Eu saio recolhendo saco, latinhas e ponho no lixo. Temos que ter uma consciência da preservação do meio ambiente", disse Fernandez.
Galini afirma que ações práticas têm ajudado a conscientizar as pessoas. Pensando assim, quando ele realiza competições, se junta com gupos de apoio e coleta o lixo na areia.
Uma aula sobre a preservação ambiental, programada para esta quinta, reforçará esse conceito visando melhorar a qualidade do mar. Os surfistas agradecem.