Adriana Araújo, Wallace Arcanjo e Robenilson de Jesus (D) representam a Bahia
O boxe olímpico sofreu duas baixas de peso com a profissionalização de Adriana Araújo, de 35 anos, e Robenilson de Jesus, 29. A dupla baiana estreará neste sábado, 17, na nova fase da carreira no Boxing For You, evento que será realizado em Sorocaba (SP). Wallace Arcanjo, 29, abrindo a série de combates como o terceiro baiano a estrear no boxe profissional.
Treinados por Luiz Carlos Dórea, os três lutadores seguem as pegadas dos irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, além do campeão olímpico Robson Conceição e de Éverton Lopes, estes baianos que já lutam profissionalmente e esta semana confirmaram presença entre os espectadores.
Campeão brasileiro e pan-americano, Wallace disputou vaga para a Rio-2016, mas não se classificou. “Depois de 15 anos no boxe amador, resolvi migrar para o profissional. A torcida baiana pode esperar um futuro campeão mundial”, prometeu ele.
Histórica
Primeira e única mulher medalhista olímpica do Brasil na modalidade, Adriana dá de ombros à mudança, que, segundo ela, é uma tendência natural. “A maioria das atletas que eram do olímpico e disputaram algumas edições dos Jogos, tipo a irlandesa Katie Taylor, a inglesa Nicola Adams, e as americanas Marlen Esparza e Claressa Shields, agora estão migrando para o boxe profissional”, comparou.
Heptacampeã pan-americana e bronze em Londres-2012, a boxeadora fará a luta principal no peso superleve (63,5 kg). Sua adversária será a pernambucana Elaine Albuquerque, com 16 lutas no MMA e duas no boxe profissional.
Estreia
Com duas participações em Jogos Olímpicos, Adriana Araújo e Robenilson estreiam neste sábado, 17, como profissionais; o também baiano Wallace segue o mesmo caminho
Adriana lembra que a profissionalização era seu desejo desde o final da Olimpíada de Londres, onde ela quebrou um jejum de 40 anos sem medalha brasileira com o bronze histórico. “Acho que a minha carreira no boxe olímpico já passou. Ser profissional era algo que sempre tive em mente”.
Ela acredita que daria para lutar bem em Tóquio-2020, mesmo já beirando os 40 anos. Mas prefere não arriscar para aproveitar sua habilidade no ringue. “Vou ter o que não tive no olímpico. Eu preciso muito migrar para o profissional, até mesmo pelo retorno financeiro”, argumentou, afirmando que umas das primeiras necessidades na nova empreitada é um patrocínio.
Decisão estudada
Robenilson explicou ter tomado a decisão em conjunto com o técnico Luiz Dórea. “O desempenho do meu técnico, que já fez muitos campeões mundiais, nos dá confiança para tentar ser também campeão mundial”, disse o boxeador, referindo-se aos outros colegas de academia e antecipando a principal meta no novo desafio.
Depois da luta no interior paulista, ele fará uma segunda, prevista para julho, no México. O adversário será um estrangeiro ainda não definido. Na estreia, será o catarinense Claudinei Divino.
Robenilson relata uma série de situações que o estimularam a desistir de Tóquio-2020. “Na verdade, resolvi porque a seleção, além de obrigar o atleta a ficar em São Paulo, me deixou chateado em relação a não me liberarem para treinar para os Jogos Olímpicos do Rio aqui em Salvador”, contou.
A Confederação Brasileira de Boxe mostrou-se inflexível, segundo o atleta, mesmo com o fato de ele estar doente. “Fez com que eu lutasse em 2015 com a bactéria hpylori, ao invés de me poupar para os Jogos do Rio”, completou o boxeador. A bactéria citada por ele consegue viver no estômago e duodeno humano, podendo causar gastrite e úlcera.
Deixando as mágoas para trás, Robenilson elege o nascimento do primeiro filho, Heitor, como motivação para buscar o título mundial. “Minha esposa [Camila Menezes de Jesus] está com cinco meses de gestação. É a motivação que eu estava precisando para seguir na nova carreira”, finalizou o baiano, que chegou a disputar a medalha de bronze em Londres-2012 e ficou em oitavo lugar na Rio-2016.
>> As lutas do card
* Meio-médio (até 66 kg)
Wallace Arcanjo x Douglas Andrade
* Pena (até 57 kg)
Daniel ‘Eddie Murphy’ Araújo x Pablo Guardalupi
* Supermeio-médio (até 69 kg)
Ademir Machado x Jefferson ‘Jejeu’ da Silva
* Pesado (mais de 90 kg)
Marcelo ‘Brasília’ Cruz x Robson ‘Bambu’ Machado
* Combinado (62 kg)
Edelson ‘Coração Valente’ Silva x Licélio da Silva Lúcio
* Médio (até 72 kg)
Marcos Lolata x Élder Amorim
* Pena (até 57 kg)
Robenilson de Jesus x Claudinei Divino
* Superleve (até 63,5 kg)
Adriana Araújo x Elaine Albuquerque