Cigano realizou seu camping na academia American Top Team, localizada na Flórida | Foto: Divulgação
Visivelmente mais magro e motivado, Júnior Cigano terá mais uma dura missão pela frente na maior organização de MMA do mundo. Neste sábado, 15, o lutador brasileiro enfrentará o surinamês Jairzinho Rozenstruik, pelo card principal do UFC 252, em Las Vegas, nos Estados Unidos.
Para o combate, o catarinense radicado na Bahia falou ao Portal A TARDE que precisou passar por algumas mudanças em seu camping. Entre as principais delas, estará na ausência do seu treinador e referência do boxe brasileiro e mundial, Luiz Dórea, que não pôde sair da Bahia e viajar o combate. Considerado como um dos melhores pugilistas da divisão dos pesos pesados, Cigano comentou sobre esse desfalque em seu corner.
"Com certeza é algo que vai fazer falta. Ele é muito importante, está comigo desde o início e me conhece bem, sabe o que exigir de mim e o que esperar também em determinadas situações. No início eu ficava pensando mais sobre isso, mas não podemos ficar atrelados a essas situações. Se não dá, vamos em frente e fazer acontecer de uma forma boa", afirmou.
Outro assunto que também movimentou o mundo da luta, foi a respeito da organização do treino do brasileiro em sua academia. Atualmente treinando na American Top Team, localizada na Flórida, o lutador acabou dividindo a preparação no mesmo local que o seu adversário deste sábado.
Forma física
Mesmo com a situação um pouco inusitada, Cigano garantiu que não houve dificuldade para conciliar as duas presenças e que apenas "ajeitaram os horários". Se isso não bastasse, o brasileiro ainda foi bem categórico em afirmar que seu atual preparo físico chega a ser um dos melhores que já teve, se assemelhando ao peso que tinha quando foi campeão mundial dos pesos pesados do UFC, ao nocautear Cain Velasquez, em 2011.
"Eventualmente, a gente (ele e o Jairzinho) acabava se encontrando algumas vezes e apenas nos cumprimentávamos, no máximo [...] Independente de qualquer coisa, eu estou preparado e posso dizer que estou em uma das melhores formas da minha vida, me sentindo muito bem. Assim como eu, acredito que ele também está com fome de vitória e o público tem muito a ganhar com isso", enfatizou.
Por falar em forma física, Júnior Cigano também contou mais detalhes sobre sua mudança de alimentação durante este período de pandemia. Segundo o próprio brasileiro, o isolamento social estava fazendo com que ele ganhasse peso. Por isso, sua médica e seu nutricionista recomendaram a realização de uma dieta cetogênica.
Dieta fez com que Cigano descesse para os 108 quilos, mesmo peso de quando foi campeão | Foto: Reprodução | Instagram
A mudança fez com que Cigano perdesse cerca de quatro quilos, quando comparado a pesagem do seu último combate, contra o americano Curtis Blayde, em janeiro deste ano. Na ocasião, o brasileiro atingiu a casa dos 112 quilos sendo que, em outros momentos, ele já chegou a se apresentar até com 115 quilos.
"Os resultados foram incríveis (da dieta), não somente a questão físico, mas também mental e a disposição. Óbvio que não posso continuar com isso durante o camping, porque eu preciso de carboidrato para a luta, coisa que é restrito na dieta cetogênica. Estou no peso que eu tinha quando fui campeão, com cerca de 108 quilos", explicou Cigano.
Mesmo não podendo dar continuidade na dieta, o catarinense afirmou que pretende se manter nessa faixa de peso daqui para a frente. "É o ideal (manter o peso). O limite da categoria é 120 quilos e estou entre 108 e 109 (quilos), estou bem distante do máximo permitido. Gosto de manter nessa faixa, consigo me sentir mais rápido e usar bem essa velocidade, aliado com a força", completou.
Maior felicidade
Além da perda de peso, Cigano também soube aproveitar o período de quarentena da melhor forma possível. Segundo Roan Jucão, treinador do brasileiro na American Top Team, foi possível perceber um atleta mais feliz, leve e motivado durante todo o período de camping antes do combate.
Questionado se haveria algum motivo em especial para toda essa felicidade, o brasileiro explicou que o período em isolamento social fez com que ele pudesse estar mais perto de sua família e, principalmente, de seus filhos. Ele ainda falou que, quando consegue se manter nesse astral, as coisas passam a "ocorrer bem e fluir de uma forma melhor".
Período de quarentena fez com que o brasileiro ficasse mais perto de sua família | Foto: Arquivo Pessoal
"Posso dizer é que essa pandemia, apesar de toda a negatividade, me deixou mais próximo de minha família e eu consegui passar mais tempo perto dos meus filhos, participar de mais atividades com eles. Isso possui um valor absurdo e me deixa extremamente feliz. Tudo isso termina refletindo em diversas outras áreas de minha vida. Quero sempre ser um bom pai e uma boa pessoa a todos ao meu redor", garantiu Junior Cigano.
Retrospecto e projeção
Ao pisar no octógono, na madrugada de sábado para domingo, o catarinense precisar dar o seu melhor para pôr um fim na sequência negativa em seu cartel. Nas últimas duas lutas, Cigano foi derrotado para Francis Ngannou e Curtis Blaydes. Enquanto isso, seu adversário também sentiu a primeira vez o sabor amargo da derrota, sendo brutalmente nocauteado aos 20 segundos do primeiro round, também para Ngannou.
Apesar dos 36 anos, o brasileiro ainda afirmou que pretender retomar os passos em busca do título da divisão. No entanto, vencendo o combate, a principal prioridade seria conseguir as revanches contra Ngannou, Blaydes ou, até mesmo, fazer uma trilogia contra o atual campeão dos pesos pesados, Stipe Miocic, que fará outra trilogia neste fim de semana, contra o wrestler e ex-campeão dos pesados e meio-pesados, Daniel Cormier.
"Se for possível, dentro dessas três possibilidades, eu gostaria de muito de fazer (contra o Ngannou). Caso não seja possível, pode ser qualquer luta contra adversários que façam sentido, obviamente. Meu objetivo é estar sempre me mantendo em atividade. Eu não sou de escolher adversários, mas quero sempre estar evoluindo para poder tentar chegar novamente no cinturão o mais rápido possível", finalizou.
Outras lutas
Além de Cigano e Jairzinho, o restante do card do UFC 252 ainda promete bastante para o público brasileiro. Em franca ascensão na carreira, Herbert Burns terá a missão de se manter invicto na organização, entrar no radar do Ultimate e almejar, futuramente, uma possível disputa de cinturão. Ele irá enfrentar o americano Daniel Pineda, nos pesos penas, em luta que abre o card principal.
Conhecida pelo ótimo Jiu-Jitsu, a baiana Virna Jandiroba também quer manter uma sequência positiva. Após início ruim contra Carla Esparza, e redenção diante de Mallory Martin, a 'Carcará' tentará sua segunda vitória no UFC, contra a americana Felice Herring, pelo peso palha, em combate do card preliminar.
Baiana Virna Jandiroba (esq) enfrenta Felice Herring, pelo card preliminar | Foto: Reprodução | UFC
Por fim, a ex-campeão do Invicta, Livinha Souza, terá que se redimir no Ultimate, após perder para Brianna Van Buren, em julho do ano passado. A lutadora paulista enfrentará a americana Ashley Yoder, no card preliminar, também pelo peso palha.