O Grêmio decidiu suspender relações com todas as suas torcidas organizadas até que sejam identificados e punidos os culpados pelos incidentes ocorridos durante o clássico contra o Internacional, ontem, no Beira-Rio.
A decisão foi tomada hoje pelo Conselho de Administração do clube, que corre o risco de perder o mando de campo por até dez jogos do Campeonato Brasileiro. Mesmo que o tumulto tenha ocorrido no estádio do adversário, foi somente a torcida tricolor que participou dele, o que levará o Superior Tribunal de Justiça Desportiva a julgar o Grêmio e não o Internacional.
A violência de alguns torcedores gremistas, que depredaram instalações do estádio do rival, queimaram dois banheiros químicos, destruíram outros 12, além de enfrentarem a Brigada Militar (a polícia militar gaúcha) e os bombeiros a pedradas, deixou 13 pessoas feridas e forçou o árbitro Wilson Luiz Seneme a parar o jogo por duas vezes.
Não foi esclarecido ainda se o grupo pertence a alguma torcida organizada oficial ou à "Geral", uma aglomeração que não tem comando formal e é acusada de provocar adversários pela internet e por refrões racistas nos estádios.
A 20ª Delegacia de Polícia instaurou inquérito nesta segunda-feira e já lida com a possibilidade de apontar responsáveis por pelo menos três crimes, os de danos ao patrimônio, lesões corporais leves e provocação de incêndio. Há, ainda, a perspectiva de uma quarta acusação, a de formação de quadrilha.
Dez pessoas foram detidas e ouvidas pela Brigada Militar ainda na noite de domingo. Elas foram liberadas depois de assinar um termo em que se comprometem a prestar novos depoimentos se houver convocação. Na investigação, a polícia contará com auxílio dos dois clubes e com as imagens gravadas pelo sistema de segurança do Internacional.
Convocados pelo Ministério Público, representantes do Grêmio, do Internacional, do Brigada Militar e da Polícia Civil decidiram montar uma comissão para estabelecer medidas para evitar a violência nos estádios gaúchos. Entre as propostas estão Gre-Nais com torcida única.
Quando o jogo for no Olímpico, só entrariam gremistas. Quando for no Beira-Rio, só colorados. Outra sugestão que entrou na pauta é a proibição à venda de bebida alcoólica no estádio e num raio de 500 metros em torno do local do jogo. As resoluções serão tomadas nos próximos dias.
O presidente do Internacional, Fernando Carvalho, orientou o departamento jurídico do clube a buscar ressarcimento pelo prejuízo de R$ 167 mil que o clube sofreu com grades derrubadas, banheiros e instalações destruídas. O vice-presidente jurídico, Luiz Antônio Lopes diz que as ações dependem das investigações.
Se for descoberto que os vândalos receberam algum subsídio do Grêmio, como ingressos ou transporte, o Internacional buscará reparações financeiras do clube rival. Se não, acionará diretamente os torcedores na Justiça.