Gestão de Paulo Carneiro segue muito criticada | Foto: Maurícia da Matta | EC Vitória
O ambiente interno do Vitória está fervendo diante de mais uma campanha decepcionante apresentada na Série B. Após o Leão livrar-se do rebaixamento para a Terceira Divisão na penúltima rodada da competição, a torcida voltou a cobrar fortemente o presidente Paulo Carneiro. Dentro do clube, o gestor fica cada vez mais isolado, de acordo com informações de bastidores apuradas pelo A TARDE.
‘Cardeais’ do Rubro-Negro que apoiaram PC na eleição de 2019 já não estão mais com ele, a exemplo de Manoel Matos. Outros nomes, como Alexi Portela e Adhemar Lemos, temem ‘se queimar’ de vez com a torcida caso apareçam na mídia vinculados ao atual gestor. Até mesmo o presidente do Conselho Deliberativo, Fábio Mota, que segue ao lado de Carneiro, fez críticas à diretoria.
“A campanha do Vitória foi vexatória. Um time de tradição como o Vitória, do tamanho que tem, não pode estar dois anos seguidos brigando para não cair para a Série C. O objetivo não é esse. Nós já estávamos, com ex-presidentes, passando por esses vexames. Caímos da A para a B e, infelizmente, nesses dois anos não vimos progressos em relação ao futebol”, afirmou Mota, em entrevista ao Portal A TARDE.
A oposição, que por definição sempre foi crítica da atual gestão, pretende ser mais efetiva nos próximos dias. Membro da Frente Vitória Popular, Diego de Assis afirma que ainda há uma articulação sobre como os grupos contrários a Paulo Carneiro agirão. Porém, entende que a saída é a intervenção. “Nas próximas semanas deve haver algum andamento nesse processo”, afirmou à reportagem do A TARDE.
Vale lembrar que Paulo Carneiro preside o Leão por meio de uma liminar obtida na Justiça Comum em 2019, quando lançou sua candidatura ao cargo. Há conversas dentro do clube de que essa liminar pode ser cassada para retirá-lo do poder.
Neste caso, novas eleições seriam convocadas para decidir o novo presidente do Vitória. Fontes afirmaram ao A TARDE que o ex-vice presidente, Agenor Gordilho, já se organiza com grupos de oposição para lançar candidatura.
O ex-presidente Raimundo Viana, por sua vez, não acredita que essa seja a melhor saída. “O caldeirão está fervendo. Ninguém fica satisfeito em escapar da Série C como aconteceu com o Vitória. Então, estão todos muito agitados. Mas eu prefiro ficar fora disso. Sou contra essas renúncias dos presidentes porque não são benéficas para o clube. Essa rotina tem prejudicado o Vitória”, ponderou.
Crise
Além dos resultados em campo, fora dele o Vitória também vive momento caótico. Os salários atrasados conduziram o 2020 do clube, com a pandemia de Covid-19 intensificando os problemas financeiros. Na semana passada, o Rubro-Negro conseguiu adiantar parte das receitas para pagar algumas dívidas, mas ainda existem vencimentos atrasados com funcionários e jogadores.
Enquanto isso, a relação do presidente com a torcida fica cada vez mais estremecida. Após a confirmação da permanência na Série B, torcedores que lamentavam a situação do clube foram ofendidos pelo dirigente no Instagram.
Isso gerou repercussão em grupos que exigem intervenção nas rede sociais. “Além dos infinitos erros na gestão, o minúsculo presidente Paulo Carneiro ainda proporciona através das suas redes sociais um grande show de xingamentos contra aqueles que ainda sustentam e apoiam o Vitória. Apesar de PC, nesta sexta-feira, 29, há de ser outro dia!”, escreveu a torcida antifascista do clube, denominada ‘Brigada Marighella’.
Renúncia descartada
Deixar a presidência do clube antes do fim do mandato é algo que não passa pela cabeça de Paulo Carneiro. O mandatário, inclusive, traça os planos para a temporada 2021. A reportagem apurou que o primeiro passo vai ser renovar o contrato com Rodrigo Chagas, que se encerra ao fim da Série B.
A ideia é usar o conhecimento do treinador para facilitar a transição de novos atletas da base e também daqueles que não foram bem aproveitados ao longo da última temporada.
Na sequência, o Rubro-Negro projeta pagar as dívidas que o impedem de registrar novos jogadores. A expectativa é de que tudo seja resolvido no começo de fevereiro, quando também reabre o mercado de transferências do futebol nacional.
Apesar do empenho para voltar a contratar jogadores, existe uma promessa de que essa não será uma rotina na Toca do Leão. A ideia de Paulo Carneiro é manter os atletas que seguem com contrato vigente e usar a base para completar o elenco em 2021.
Os reforços vindos de outros clubes seriam exceções no grupo rubro-negro. A postura mais conservadora no mercado de transferências tem relação com os erros do passado recente e também com os cofres do clube, que na próxima temporada estarão ainda mais vazios, já que a diretoria adiantou parte das receitas para quitar dívidas.
Nesta sexta, o Leão entra em campo pela última vez nesta Série B. Depois, tem pouco mais de 20 dias para se preparar para o início do Campeonato Baiano, marcado para 21 de fevereiro.