O Muffin de milho e bacon, preparado pela chef Maria Margarida
O milho plantado em março, no dia de São José, acaba virando a principal estrela da culinária de junho, mês em que é colhido para dar sabor à festa de São João.
Para garantir a fartura em torno da fogueira, a variedade de pratos feitos à base do grão pode chegar ao infinito. Mas as tradições culinárias da época quase sempre desembocam em receitas que deixam um sabor doce na boca.
Não que isso seja ruim. Mas sempre chega aquela hora em que o paladar pede uma pitadinha de sal para equilibrar, principalmente se a bebida escolhida para regar o arrasta-pé for o bom e velho licor, também marcado pelo sabor açucarado.
Muffin junino
Para ajudar a pensar em alternativas para a comilança junina, convidamos dois chefs baianos para lembrar que é possível arriscar novas preparações sem abandonar ingredientes caros à nossa cultura alimentar. Assim, eles sugerem levar o milho à mesa por outros caminhos.
Andréa Torres chega com uma receita que já é uma das vedetes do menu do seu atelier gastronômico, o Maria Margarida, localizado na Graça. Trata-se de um muffin de milho com bacon.
"Sou apaixonada por milho. Mas quando a gente pensa em comida de São João é tudo muito doce. Essa é uma opção para fugir disso", diz a chef.
O nome do bolinho pode até soar glamouroso. Mas ela aposta numa receita simples, que pode ser adaptada aqui e ali, ao gosto do freguês. "Fiz utilizando os grãos. Mas quem não gosta de encontrar pedaços ao morder pode usar o milho batido no liquidificador", observa.
No lugar do bacon, o bolinho salgado pode ganhar outros ingredientes, como bacalhau, frango defumado ou camarão seco e fresco. Os vegetarianos podem simplesmente dispensar a proteína, sem comprometer a receita.
Terra e mar
Já Rodrigo Castro aproveitou a oportunidade para testar uma nova receita, que deve entrar no próximo menu executivo do Cuco Bistrô, no Pelourinho, já a partir da segunda-feira.
A aposta do chef é uma canjica salgada, feita para acompanhar um mix de frutos do mar com creme de coco. "É uma ideia antiga", revela. "Há algum tempo fiz um cuscuz sertanejo com frutos do mar, que tem a mesma ideia de brincar com ingredientes do mar e da terra que são nossos".
O prato, pensado para chegar à mesa como uma entrada, só para abrir os trabalhos, traz a canjica salgada em sua base. A consistência é semelhante à de uma polenta ligeiramente mais leve. O efeito se deve ao uso de uma farinha de milho fina. Mas um tipo mais flocado não seria má ideia.
"Uma farinha mais grossa daria uma textura rústica, mais parecida com a do lelê", observa o chef, que foi muito feliz na combinação do milho com camarão, lula, mexilhão, maturi e um toque sutil de quiabo grelhado.