Otoniel Saraiva: ‘Tem horas que dá vontade de desistir’
O senso comum dita que quem já exerceu o mandato de deputado automaticamente ganha o paraíso, mas a história mostra que não é bem assim, muito pelo contrário, há casos de histórias dramáticas.
Deputado de 1995 a 1999 pelo PSDB, Otoniel Saraiva, presidente da Associação dos Ex-Deputados da Bahia (Assed-BA) há um ano e meio, fundou a associação para fazer algum elo de prestígio entre o passado e o mundo atual justamente para tentar buscar um tratamento mais digno, mas o cenário é bem pior do que ele imaginava.
Auxílio fraterno — Saraiva conta que deixou o mandato e levou 15 anos sem piar na Assembleia. Percebeu que era tratado como um ilustre desconhecido.
– Eu falei com Coronel que ex-deputado não valia nada. Aí nasceu a Assed.
E ele se bateu com uma situação que não imaginava, como a de ex-deputado que vive de vender bugigangas na feira, outro que obrigou ele e os colegas Ewerton Almeida e Emério Resedá a se juntarem para pagar uma dívida de R$ 2 mil.
Segundo Saraiva, é um cenário desalentador. Nos últimos 40 anos, a Bahia teve 690 deputados estaduais e destes 390 estão vivos. As 300 viúvas restantes também são filiadas e, da mesma forma, grande parte delas passa dificuldades:
– A barra é pesada. Confesso que tem horas que dá vontade de desistir.
Campo Formoso ganha IF Bahia
O deputado federal Elmar Nascimento (DEM) está soltando foguetes. No apagar das luzes do governo federal praticar atos administrativos, conseguiu liberar R$ 30 milhões em emendas para a construção do Instituto Federal de Educação de Campo Formoso, terra dele. O início das obras foi autorizado anteontem pelo ministro da Educação, Rossieli Soares:
– Teremos dois campi e seis centros de referência. É uma obra e tanto.
Em Pau Brasil, crime explicado
O assassinato de Marcos Rocha, ex-prefeito de Pau Brasil, ocorrido em janeiro do ano passado, enfim parece ter sido desvendado. A polícia prendeu Robélio Brito de Oliveira (suposto mandante), Wellington Araújo de Oliveira, o Binho, Herwerton Assis Santos (0 executor).
Segundo o delegado André Aragão, Robélio, dono de um açougue, comprou três carretas de gado de Marcos, não pagou e não gostava de ser cobrado.
Forrobodó no meio do forró
O forrozeiro Adelmário Coelho se envolveu, sem querer, num forrobodó do forró em Senhor do Bonfim, onde se apresentou no dia do São João.
O caso é que o Diário Oficial do Estado publicou que o artista estava sendo contratado por R$ 120 mil pela Bahiatursa para cantar lá.
O Diário Oficial da Prefeitura de Senhor do Bonfim também publicou a contratação pelo mesmo valor. Até agora ninguém explicou.
Coronel diz que vai bem em matéria de seguidores
Embora seja visto pela oposição como um candidato ‘bom de se ganhar’, Ângelo Coronel (PSD), presidente da Assembleia e candidato ao Senado na chapa de Rui Costa, diz que em matéria de seguidores nas redes sociais se diz muito bem servido. Ele exibe o ranking do Face: ACM Neto tem 469 mil; Rui Costa, 304 mil; ele, 264 mil; Jaques Wagner, 212 mil; Zé Ronaldo, 38 mil; e Jutahy Júnior, 13 mil.
– Eu também tenho os meus créditos. Não é bem como os adversários dizem.
Na oposição, não se diz explicitamente, mas, implicitamente, o deputado Jutahy Júnior acalenta a expectativa de bater Coronel nas urnas, mesmo que a outra vaga fique com Jaques Wagner e Rui Costa se reeleja.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Ruim de língua
Delfino Evangelista de Castro, leitor e colaborador, conta que um emérito professor da Faculdade de Direito (nome omitido em respeito in memoriam) falava muito mal e escrevia pior ainda. As petições e requerimentos por ele assinados eram cheios de erro de português (ortografia, concordância etc.), os destinatários tinham enorme dificuldade de entender o que ele pretendia, às vezes precisava de um tradutor.
Além de tudo, era metido a músico. Tocava, ou tentava tocar, teclado e violão, muito mal por sinal, sem ritmo, sem melodia, sem ginga. Nos dias de sexta-feira convidava os seus alunos para um barzinho e tocava até altas horas, com plateia garantida sem direito a vaias, muito mais pelo medo de represálias em sala de aula. Lá um dia um aluno anônimo postou o epigrama no quadro negro:
Quando ele toca dá choque
Os ouvidos fazem greve
Mas por pior que ele toque
Toca melhor que escreve