Nas rodinhas dos deputados que buscam a reeleição, a queixa ganha corpo: além das dificuldades naturais de uma eleição de dinheiro curto em tempo de Lava Jato, um velho estigma, o genético, entra no jogo político com expressão mais visível: nada menos que oito detentores de influência tentam agraciar os filhos com um mandato.
A lista: o senador Otto Alencar (PSD) quer emplacar o filho, Otto Filho, como deputado federal; o federal José Carlos Aleluia (DEM) quer o filho Alexandre Aleluia, já vereador em Salvador, estadual; Ângelo Coronel (PSD), candidato ao Senado com Rui Costa, quer o filho Diego estadual; e Marcelo Nilo (PSB), ex-presidente da Assembleia, quer emplacar o genro, Marcelo Veiga, também estadual.
No interior — Um olhar pelo interior e a lista cresce. Vando (PSC), deputado estadual duas vezes, hoje prefeito de Monte Santo, quer eleger o filho Laerte estadual; o mesmo destino que Rogério Andrade (PSD), prefeito de Santo Antônio de Jesus, quer para o filho Rogerinho; e Robério Oliveira, prefeito de Eunápolis, e a esposa, Cláudia, prefeita de Porto Seguro, ambos do PSD, querem eleger a filha, Larissa.
Dizem que tal disposição é herança monárquica, a de sempre aconchegar os familiares no poder. Se assim o é, os insatisfeitos que se danem. O Brasil já começou assim, com Pedro primeiro passando o trono para o segundo.
A chapinha quer voar alto
rtidos, decidiram ir às urnas em coligação, formando uma chapinha. Eles reuniram 59 candidatos a federal e 95 estaduais. Ricardo Grey, o vice do PTC, diz que a pretensão é eleger dois federais e quatro estaduais.
– Em 2014 nós saímos sozinhos e conseguimos eleger um federal.
O federal é Uldurico Júnior, que mudou para o PV e agora está no PPL.
E o chapão está otimista
Mas a chapinha aí apoia Zé Ronaldo. É a banda do time de ACM Neto que não quis entrar no chapão dos grandes, formado por DEM, PSDB, PSC, PTB e PRB.
O deputado Luciano Ribeiro, que era do MDB e mudou para o DEM, já foi mais temeroso logo após a desistência de Neto, mas diz ter muito boas expectativas:
– O Zé Ronaldo ajuda muito. É um cara leve, fácil de digerir. E isso é um detalhe muito positivo.
E Lúcio passa pelas urnas?
Lúcio Vieira Lima, o irmão de Geddel, vai se reeleger mesmo depois de ter enfrentado o completo esvaziamento do MDB de políticos com mandato? Só ficou ele, os cinco estaduais que o partido elegeu em 2014 debandaram.
Alguns acham que as chances são escassas, mas outros preveem uma boa sorte. Dizem que ele reuniu mais de 30 candidatos a federal de mil a 15 mil votos, o foco principal dele.
Na festa em que Leão se sentiu mal, prefeito não foi
Ao contrário de Antônio Elinaldo (DEM), em Camaçari, e Colbert Martins (MDB), em Feira de Santana, que comparecem a solenidades do governo, Zito Barbosa (DEM), prefeito de Barreiras, seguiu o caminho de Herzem Gusmão (MDB), de Conquista, e não foi à inauguração da UPA, na qual João Leão, o vice, sentiu-se mal.
Querelas municipais, dizem lá. Zito até cogitou mudar para o governo quando ACM Neto desistiu da disputa, mas tem como adversários políticos Antônio Henrique, o prefeito que ele derrotou em 2016, hoje secretário de Planejamento do Estado (no lugar de Leão), e Jusmari Oliveira, ex-prefeita e também ex-secretária de Rui. Jornalistas falam que Zito nada ganharia indo à festa.