Segundo turno das eleições acontece neste domingo, 28
Dizem que a voz do povo é a voz de Deus, e por aí o eleito de amanhã será um ungido pelas urnas com as bênçãos divinas. Será? Há controvérsias, e um caso ilustra bem a pendenga.
Certa vez uma disputa eleitoral em Nilo Peçanha, no baixo sul, virou problema religioso. No povoado de São Francisco, cujo padroeiro é São Francisco, obviamente, reza a tradição que a imagem do santo sai da sede, desce o rio das Almas e chega ao povoado de barco, onde a população pega e leva em procissão até a igreja.
Era um ano eleitoral, Antônio Galdino Filho disputava a eleição contra Wanderley Rosário. Na hora da chegada do santo, os partidários dos dois correram para a ponte de madeira que servia de porto, a ponte não aguentou, quebrou, todo mundo caiu na lama do manguezal, a única vítima fatal foi São Francisco, cuja imagem bateu numa pedra.
Impasse - Dia seguinte de manhã cedo chegaram Galdino e Wanderley, cada um com um santo novo. E quem vai botar no altar? Chamaram dom João Nilo, bispo de Amargosa, para resolver o impasse, até que Galdino propôs:
– Dom Nilo, proponho que quem ganhar bota o santo no altar. O senhor sabe que a voz do povo é a voz de Deus.
Dom Nilo falou firme:
– Nã-nã-ninho-nã-não! Vou aceitar porque não tenho outro jeito, mas a voz do povo é a voz do povo e a voz de Deus é a voz de Deus.
Portanto, que fique claro: amanhã quem fala é o povo.
Zé Neto acata Geílson bem
Tradicional candidato a prefeito pelo PT em Feira de Santana, com três tentativas e três derrotas, o deputado Zé Neto, agora eleito federal, diz que não vê nenhum problema com a chegada do colega Carlos Geílson, que é do PSDB e não se reelegeu, para a base de Rui, embora as pretensões dos dois sejam as mesmas:
– Problema zero. Sempre me dei bem com Geílson. Quem tiver melhor vai.
A questão: Zé Neto sempre acha que está melhor.
Empresários vão empregar pela economia e cidadania
Empresários baianos vão lançar no dia 31 deste mês uma campanha tão nova quanto diferente: cada empresa, por menor que seja, deve contratar pelo menos um funcionário de salário mínimo com carteira assinada.
A ideia é só dos empresários, mas ela tem apoio de líderes como Ricardo Alban, presidente da Fieb, e Carlos Andrade, da Fecomércio-BA. Um deles disse que a iniciativa tem dois focos:
1 – Ajuda a aquecer a economia, porque quem está empregado vira consumidor.
2 – Ajuda a fortalecer a cidadania, fazendo mais trabalhadores e menos marginais.
A ideia embalou. Há a convicção de que um empregado a mais não prejudica ninguém.
Chapa única e chapa branca
A eleição para a presidência da Câmara de Salvador, na próxima quarta, com o vereador Geraldo Júnior (SD) na cabeça, será chapa única, um fato raro nos últimos tempos na Câmara Municipal da capital.
A chapa única (que também é branca) vem do fato de Hilton Coelho (PSOL), deputado estadual eleito, estar fora do páreo desta vez. Nas últimas eleições ele sempre se candidatou. Só tinha votos da oposição.
Haddad se diz bem otimista
Fernando Haddad fechou a campanha ontem em Salvador dizendo-se bem otimista. Acha que o apoio de Ciro Gomes, que chegou da Europa ontem, vai lhe render algo em torno de 4%.
Haddad disse que começou a virada em São Paulo, onde foi prefeito, e atribuiu o crescimento nas pesquisas ao fato de Bolsonaro ter fugido dos debates:
– O povo descobriu que ele mente. Ninguém gosta de homem frouxo e mentiroso.
POLÍTICA COM VATAPÁ
O rádio preso
Alexandre Brust, gaúcho de nascimento, baiano por opção, hoje presidente da CBPM, conta que, no período da ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945), os emigrantes alemães foram proibidos de falar a própria língua em público no Brasil, como forma de promover a integração à cultura brasileira.
A coisa complicou na Segunda Guerra Mundial.
O fato de o Brasil ter entrado na luta contra a Alemanha desencadeou uma série de perseguições contra os habitantes de origem germânica. Alcido Brust, comerciante, pai de Alexandre, foi um dos denunciados. Ele tinha interesse em acompanhar
o andamento da guerra, pelo rádio (ondas curtas), que transmitia diretamente do front, em alemão.
Certo dia compareceu à casa dele o delegado Miguelão:
– Seu Brust, recebi uma denúncia de que seu rádio está falando em alemão. Qual é a marca?
– Fresman, delegado.
– Não tem mais dúvida! Seu rádio está preso! – disse o policial.
E levou o aparelho.