Bolsonaro vai conseguir também governar sem partidos?
Jair Bolsonaro se elegeu presidente da República de forma que nunca se viu na história da República: com um partideco, o PSL, sem aliados, sem dinheiro, sem articulação política e com ajuda de uma facada que acertou nele, mas matou os adversários, primeiro Geraldo Alckmin, depois ‘Andrade’, como chamavam Haddad.
Também agora na montagem do governo ele vai mais uma vez fugindo do padrão: já nomeou oito ministros sem ouvir ninguém, nem partidos e nem lideranças, o mesmo estilo da campanha bem sucedida. A questão: ele vai aguentar?
É dando....
O assunto pauta as rodinhas políticas. Como diz o deputado federal Cacá Leão (PP):
— Bolsonaro se elegeu com a internet, mas tem que governar com o Congresso. Vamos ver no que vai dar.
Ora, o Congresso Nacional, com os seus 83 senadores e 513 deputados, tem larga tradição de emparedar o presidente, deixá-lo refém dos seus caprichos. Na época de Fernando Henrique Cardoso, o então ministro Sérgio Motta, o Serjão, cunhou a frase para justificar o famoso toma lá, dá cá: ‘É dando que se recebe’.
Se Bolsonaro não quer jogar esse jogo, como ele fará para ver aprovados no Congresso projetos polêmicos, a começar pela do Previdência? Em Brasília, se diz que, de graça, ninguém vai meter a mão em cumbuca. A questão é saber se Bolsonaro cede ou não.
PP, o primo pobre do tripé
Diz Jabes Ribeiro, presidente do PP na Bahia, que a briga do partido pela presidência da Assembleia é uma mera questão de reequilíbrio das coisas.
No tripé que sustenta o governo Rui Costa, o PT já tem o próprio Rui e Jaques Wagner senador eleito, o PSD de Otto Alencar tem ele de senador e mais Angelo Coronel, além da presidência da UPB, enquanto o PP só tem Leão, o vice de Rui.
— É questão de justiça.
Galo prefere esperar Rui
Marcelino Galo, tido como integrante top da ala do PT mais à esquerda, diz que, na questão da disputa pela presidência da Assembleia, o mais prudente é esperar Rui Costa voltar (ele chega hoje).
— Isso passa pelo governador fatalmente. Eu pessoalmente prefiro aguardar.
Segundo Marcelino, a base precisa de união, ainda mais num momento, segundo ele, ‘de acirramento, com o desmonte das conquistas que já temos’.
PEC da Bengala na berlinda
Bolsonaro já externou, ainda em campanha, a disposição de revogar a chamada PEC da Bengala, o dispositivo que permite juízes, ministros de tribunais e conselheiros a se aposentarem aos 75 anos de idade, ao invés dos 70 como era antes.
Segundo o deputado Cacá Leão (PP), se Bolsonaro mandar o projeto, a aprovação é certa, sem dúvida.
— A PEC serve como mais um entrave à possibilidade de renovação no Judiciário.
Municípios distantes vão ficar órfãos do Mais Médicos
Uauá, município de 2.950 km² com pouco mais de 25 mil habitantes, a maioria, espalhados por 60 povoados, fez festa em 2013, com o então prefeito Olímpio Cardoso Filho, o Olimpinho, armando uma comitiva de boas vindas aos médicos cubanos que chegavam.
Hoje, dos 10 que servem lá, oito são cubanos. E as autoridades locais já dizem que voltarão a situação de antes: quase nenhum.
Em Malhada, na divisa com Minas, às margens do Velho Chico, com 17 mil habitantes, o secretário de saúde, Ginaldo Gomes, diz que dos sete médicos, três são cubanos. E se eles forem embora os povoados de Parateca, Canabra e Julião ficarão sem médicos.
O Brasil pode ter médicos, mas não vão lá.