Com Bolsonaro, Rui já é adversário e bate de frente. Neto, coitado, tem que engolir um aliado incubado que não se afina com ele
Digo por aí, de São Paulo a Brasília, ou aos nossos ilustres visitantes que indagam sobre política, que os baianos esbanjam a satisfação de viver um momento único em matéria de boa governança política, melhor ainda porque os atores principais são adversários, Rui Costa, o governador, e ACM Neto, o prefeito da capital.
O xis da questão: Rui é de esquerda e governa com um pé na direita e Neto é de direita e governa com um pé na esquerda. Vez em quando alguém se encuca e pergunta se é tudo tão bonitinho assim.
A resposta é na ponta da língua: se alguém estiver em busca de santo, aí já não é com eles, mas também temos, é com ela, noutro endereço, lá no Largo de Roma, com a nossa Santa Dulce.
Burrice — Explicando: para além da aliança com Otto Alencar e João Leão, que nunca tiveram nada com a esquerda, Rui Costa afaga a direita com grandes obras.
Já ACM Neto vai noutra vertente. O Movimento Negro de Salvador é quase todo ligado à esquerda e convive sem queixas, ruído zero.
Os dois, não tanto porque querem, mas muito pelo que adotam como práticas de rotina, brindam o conturbado mundo político com uma lição exemplar: quão burro é o extremismo, de direita ou de esquerda, tudo o que Bolsonaro deveria saber, e não sabe.
Com Bolsonaro, Rui já é adversário e bate de frente. Neto, coitado, tem que engolir um aliado incubado que não se afina com ele. Que jeito?
Leo Prates e as cotas eleitorais
A começar por Vovô do Ilê, com o movimento Quero ela (ela é a prefeitura), nada menos que oito lideranças ligadas ao Movimento Negro já externaram a pretensão de disputar a Prefeitura de Salvador ano que vem.
E eis que surge Leo Prates, secretário de Saúde de Salvador, amigão de Neto, defendendo cotas no fundo eleitoral para negros (como para mulheres). E com argumento forte:
— A questão não é só de pele. É de bolso também.
Chapada e as plantas do bem
A moda hoje entre baianos é correr para Portugal, mas a portuguesa Sílvia Martins, doutora em fitoquímica, fez o inverso. Há quase dez anos radicada em Lençóis, ela acaba de aprontar o Guia Prático das Plantas Medicinais da Chapada Diamantina-Bahia-Brasil.
Sílvia, que já é sócia da Natursense, uma empresa de cosméticos e saboaria naturais, arrecada dinheiro, via internet (via plataforma Cartarse, na internet), para fazer a versão impressa do livro.
Governo mira o Espanhol
O secretário Fábio Vilas-Boas (Saúde) diz que o governo não desistiu do Hospital Espanhol, apenas espera a solução do encaminhamento jurídico da questão, no leilão, para dar um lance.
— O caso estava com a Justiça do Trabalho e o STJ passou para a justiça comum. Estamos esperando a justiça comum decidir.
E quando será que a justiça dará uma solução? Aí, só Deus na causa. Ou Irmã Dulce, que está mais próxima.
Divaldo Franco, o filme, tem pré-estreia amanhã
Hoje aos 92 anos, Divaldo Franco, o médium baiano que é um ícone mundial do espiritismo, terá a sua trajetória narrada no cinema. Divaldo, o Mensageiro da paz, filme que conta a vida dele, vai entrar no circuito comercial diz 12 próximo, mas tem pré-estréia amanhã (21h) no UCI Orient do Shiopping-Barra, só para convidados.
A história se passa entre Feira de Santana, terra de Divaldo, e Salvador, onde ele construiu a maior parte da sua trajetória, mas começou a ser filmado em julho do ano passado entre Santos e Itu, em São Paulo, com direção de Clóvis Mello tendo o ator Bruno Garcia no papel de Divaldo. O filme é inspirado no livro da escritora Ana Landi, sobre a vida de Divaldo. Como ele tem uma legião de fãs, o cinema vai lotar.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Pistola profana
Duas vezes prefeito de Firmino Alves, município da região de Itororó (entre Itabuna e Conquista), o Padre José Aguinaldo dos Santos, ou simplesmente Padre Aguinaldo (PSD), ainda hoje é lider político lá.
Foi candidato em 2016, perdeu para o prefeito Lero Cunha (PSB), os dois com a Ficha Suja, e é prefeiturável forte para 2020.
Pelo menos aos olhos da PF, o Padre Aguinaldo nunca teve nada de santo. Envolvido na Operação Vassoura de Bruxa, que investigou uma quadrilha especializada em emitir notas fiscais frias, o Ministério Público Federal chegou a pedir a prisão dele em 2017, negada pelo juiz federal Pedro Alberto Calmon sob o argumento de que os acusados, ele incluso, tinham endereço fixo e não cometeram crimes violentos.
Conta o deputado Aderbal Caldas (PP), então aliado, que lá um dia, andando pela cidade, viu um revólver na cintura do Padre Prefeito, intrigou-se:
— O qué isso, padre?
— Deputado Aderbal, o cristão aqui sou eu. A minha pistola, não.