Rui e Neto, os atores principais do duelo Salvador 2020 | Foto: Mateus Pereira | Secom Governo
Os pequenos, que até 2016 se cacifavam nos embates eleitorais com dinheiro do fundo partidário e tempo de rádio e tevê, agora são os sem quase nada. Se antes podiam negociar, não raro, até mesmo vendendo (literalmente), agora só têm o único trunfo: juntar gente para tentar eleger um pagando a conta do próprio bolso.
Agregue-se a isso o fato de que este ano coligações nas eleições proporcionais são proibidas, é cada um por si. No entorno de ACM Neto gravitam 14 partidos. Seis deles têm fundo partidário, fundo eleitoral e tempo de rádio e tevê. No de Rui Costa, são 12, dos quais sete, os bem aquinhoados. A questão: como seduzir os pequenos?
Sonhos - Rui Costa diz que vai tratar a questão, de saída para a definição da estratégia, ‘com paciência’ e em janeiro vai começar a conversar com os partidos. Neto promete anunciar dia 20 o seu candidato, provavelmente Bruno Reis (DEM).
Se na banda de Rui a tendência é a pulverização de candidaturas para tentar juntar num eventual segundo turno, na de Neto é o inverso, é chamar todos para um único projeto.
Rivailton Pinto, do pequeno PTC, um dos sem nada, aliado de Rui, diz que muita gente hoje com mandato de vereador vai sobrar:
- Vereador com mandato vai precisar de 10 mil votos. E os pequenos vão pular fora. Fazer o jogo dos grandes é chutar os sonhos. Eles não têm saída. Salvador é muito grande, não dá para encurralar líderes comunitários.
O Morro e o preju do óleo
Diego Meirelles (MDB), vereador em Cairu, diz que o turismo em Morro de São Paulo e Boipeba sofreu uma queda de mais de 80% com a crise do óleo, disseminada pela exposição midiática.
- Agora que o óleo se foi, mas o turismo ainda não se recuperou, a mídia não dá a recíproca. Simplesmente esquece o assunto e ponto.
Ele quer que a Prefeitura faça uma campanha midiática. Ou seja, o município vai pagar mais essa conta.
Muritiba quer quebrar tabu
Muritiba, no Recôncavo, tem uma tradição política rara: nunca reelegeu um prefeito. O deputado Rogério Andrade Filho (PSD), o Rogerinho, que tem ligações lá, diz que em 2020 esta história vai mudar.
— O prefeito Danilo de Babão (PSD) vai quebrar a guia. Ele é bem focado.
Segundo Rogerinho, da sede ao povoado de São José de Taporã, que é grande, está tudo muito bem.
A conferir, nas urnas.
PDT fica com Leo. E Vovó?
Está quase tudo certo: Leo Prates, hoje deputado estadual do DEM, licenciado por estar na Secretaria de Saúde de Salvador, vai mesmo para o PDT com compromissos de mão dupla, ele apoia Ciro Gomes em 2022 e na capital baiana, se não for candidato a prefeito, fica com ACM Neto, seu amigo e líder.
A questão: com Leo lá, como fica a candidatura de Vovô do Ilê, o autor do bordão “eu quero ela” (ela é a prefeitura), já lançada pelo PDT?
E a Operação Faroeste chega ao TRE? É possível
Se diz nos meios jurídicos baianos que a Operação Faroeste, que resultou na prisão de uma desembargadora, um juiz, além do afastamento de outros três desembargadores, está apenas no começo.
Entre os citados na denúncia do ministro Og Fernandes, do STJ, está Rui Carlos Barata Lima Filho, juiz do TRE baiano, anteriormente afastado por ser filho da desembargadora Lígia Cunha, contra quem há uma representação no CNJ apontando suposto tráfico de influência do advogado Thiago Phileto também no oeste, algo da ordem de R$ 23 milhões. O relatório cita que nada se prova contra Barata, mas Og também é corregedor do Tribunal Superior Eleitoral.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Viagra nordestino
Conta o ex-deputado Pedro Alcântara que no São João, às vezes também nos finais de ano, ACM gostava de ir a Juazeiro, reunia os amigos e sempre lhe pedia para contar os casos que ponteavam no folclore regional.
Meados de 1989, ele ministro das Comunicações do governo de José Sarney, estava lá curtindo o Forró do Velho Chico. Era um tempo em que o Viagra, recém-lançado no mercado, pautava as conversas masculinas nos quatro cantos. Numa roda, ele falou:
- Qual é a última daqui, Pedro?
- É o Viagra nordestino.
- Viagra nordestino?
- É. O senhor sabe que as pessoas mais idosas têm que se preocupar com isso, mas como o pessoal não tem dinheiro, deu um jeito.
- Como é isso?
- O sujeito fica nu e bota um milho no umbigo. Quando o pinto levanta pra comer o milho, ele aproveita.
ACM caiu na gargalhada. E arrematou:
- Vou ensinar essa para o Sarney.