Procedimento de carga e lacração de urnas | Foto: Joá Souza | Ag. A TARDE
Não fosse o corona roubando a cena de cabo a rabo, com certeza a bola da vez seria a última da lavra verborrágica de Bolsonaro: a de que venceria as eleições no primeiro turno se não tivesse sido garfado pelas urnas eletrônicas.
Alguém como o presidente da República, com o lugar de fala número um da nação, falar isso – no mínimo teria que citar fatos indicadores de indícios – é pesado.
Provocou reações. Na festa do TRE, quinta passada, ACM Neto soltou o verbo:
– Eu refuto qualquer tipo de declaração que possa trazer dúvidas sobre a segurança e confiabilidade do processo eleitoral em nosso País.
controvérsias —Óbvio que Neto tomou posição política. O presidente acusou uma fraude sem provar, é forte. Ademais, tratando-se de um mandatário que chuta os políticos, se acerca de militares e bota a Justiça sob suspeição, induz qualquer um a pensar que Bolsonaro tentar pavimentar um caminho nada republicano.
Os defensores da revisão do modelo acham que as urnas deveriam emitir o recibo do voto. Apertou o 100, por exemplo, a urna imprimiria o 100 que seria colocado noutra urna, modelo cujo inimigo maior é o preço, bem mais alto.
Os defensores das urnas eletrônicas como elas estão dizem que o outro modelo é a volta do papel, e que nunca houve um caso comprovado de fraude.
E a polêmica fica em aberto. No caso da mensagem de Bolsonaro, talvez o problema seja o mensageiro.
E a Alba, como vai trabalhar?
Nestes tempos de coronavírus, como vai operar a Assembleia da Bahia?
A Alba rotineiramente recebe gente de todos os rincões da Bahia, todo dia o dia todo, além de funcionar com as comissões e ter também o auditório Jorge Calmon, que sedia eventos em geral.
O presidente Nelson Leal (PP) está debruçado sobre o abacaxi. Com agravante de até agora, nas comissões, os deputados não terem voltado do Carnaval.
Dayane e a herança da TV
Prefeiturável em Feira, a deputada federal Dayane Pimentel herdou o PSL de Bolsonaro e com ele o maior tempo de propaganda no rádio e tevê entre os partidos: 12,81 minutos, contra 11,3 do PT.
O DEM de ACM Neto tem 5,12 minutos, o que torna Dayane uma aliada bastante cacifada em Salvador.
O cacife não é lá tanto. Dayane herdou tempo de rádio e tevê de Bolsonaro, que ganhou a eleição sem isso. As redes sociais só crescem.
Corona ataca até a caridade
Veja a que ponto o corona começou a perturbar nossas vidas. O centro espírita Fundação Lar Harmonia, que sempre realiza mutirões de glaucoma e catarata, cancelou o mutirão que aconteceria neste domingo.
A direção da casa diz que o público-alvo de tais ações é justamente de idosos, o mais vulnerável ao corona. E achou melhor não arriscar.
Ok, é sensato. E o pior é que a próxima fica sem data. Definitivamente o bicho pegou.
Éden diz que astral para PT é bem melhor que 2016
Percorrendo os quatro cantos da Bahia para fazer política, Éden Valadares, presidente estadual do PT, diz que ainda não completou o ciclo, mas, pelo que já andou, o cenário é bem melhor do que em 2016, no furor da Lava Jato.
– Já é certo que teremos candidatos em 133 municípios. Antes, só chegamos a 95.
Éden ressalva, como tempero, que também o clima é bem mais distensionado.
O PT esta semana estará na pauta. Realiza sábado o encontro que carimba major Denice como candidata em Salvador, apesar dos esperneios de Juca Ferreira. E na sexta seguinte na Assembleia estará Fernando Haddad, o candidato que perdeu para Bolsonaro, que vem receber a Comenda 2 de Julho. Dois mil e vinte caminha nos trilhos.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Coisas de Gaguinho
Você já viu essa, um grupo escolher cemitérios como point de farras entre amigos?
Pois tem precedentes, e o grande arauto da causa era nosso Roberto Gaguinho, que esta semana nos deixou. Ele integrava um time que tinha o poeta Fred Souza Castro, o artista plástico Ângelo Roberto e Humberto Rocha, o Gatinho de Brotas, os irmãos Virgílio e Marcos Gouveia, todos fiéis à causa.
Tudo começou no Jardim da Saudade, que nos primeiros tempos, lá pelos 90, tinha um bar na praça central atrás dos velórios. Conta Virgílio que lá um dia, o grupo reunido num velório amigo, achou o bar. Já melados, Gaguinho tomou a palavra:
– Companheiros, nosso amigo João está indo, mas não vamos deixá-lo. Aqui já tem mãe Menininha do Gantois, Raul Seixas, é poluição sonora zero e quando o álcool faz efeito ainda dá para conversar com os amigos que se foram.
Todos riram, mas colou. Era todo dia no Jardim da Saudade, um no Campo Santo e outro em Quintas.
Gaguinho foi cremado no Campo Santo. Onde ainda tem bar, segundo Virgílio.