Presidente durante discurso em Brasília para manifestantes que pediam intervenção militar | Foto: Sergio Lima | AFP
Bolsonaro conseguiu um feito, se não inédito, com certeza raro na história da República: uniu toda a representação institucional do país, dos políticos e de outros poderes, contra.
Como sempre, mandou o isolamento às favas e foi para uma aglomeração justamente de simpatizantes que pediam a volta da ditadura militar. E deu apoio ao pessoal.
Veja você: um presidente democraticamente eleito numa manifestação que prega o fechamento do STF e do Congresso. Extrapolou. Ele é desajustado, sem a exata noção do cargo que ocupa, ou é um líder da extrema-direita que está tentando se eternizar?
Ingrato — Com menos de um ano e quatro meses já demitiu seis ministros. O primeiro, Gustavo Bebiano, da Secretaria de Governo, amigo da primeira hora, coordenador de campanha, foi rifado da Secretaria de Governo em 19 de fevereiro, pouco mais de um mês após a posse, pelo filho de Bolsonaro, Carlos, vereador no Rio. Em 14 de março, menos de um mês depois, morreu de infarto.
Em Brasília, o caso é sempre evocado como exemplo maior da falta de senso de gratidão de Bolsonaro, que também chutou Wilson Witzel (PSC), eleito com ele governador do Rio, e explodiu o PSL que o elegeu.
Com esse perfil, o de enxotar até quem trabalhou para elegê-lo, como ele vai arranjar votos para se reeleger? Ou ele está usando as liberdades democráticas para tentar sufocar a democracia? Ainda bem que a reação contra foi pesada. Já pensou Bolsonaro ditador? Que horror...
Contra fakes do corona
No festival de decisões exóticas em nome da briga contra o corona, o prefeito de Valença, Ricardo Moura (MDB), deu a contribuição dele. Instituiu por decreto multas de R$ 2 mil a R$ 10 mil para quem fizer fakes sobre o vírus.
Ele se irritou porque quinta passada, após a divulgação do primeiro caso na cidade, uma enxurrada de imagens de pessoas supostamente contaminadas apareceu nas redes. Mérito jurídico à parte, se decreto resolvesse...
Com o auxílio da velha Wiki
Prefeiturável em Barreiras pelo PP de João Leão, o deputado Antônio Henrique surpreendeu ao adiantar-se em protocolar na Assembleia pedido de concessão de um título de cidadão baiano ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
Antônio Henrique acendeu uma velinha para o DEM, mas já recebeu o contragolpe: os sites lá do oeste estão dizendo que o texto da justificativa do projeto apresentado na Alba é o mesmo da Wikipédia, a enciclopédia digital.
Moema e Rui em colisão
Petista histórica, Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas, entrou em rota de colisão com Rui Costa por causa da Covid-19.
A questão: o governo resolveu ajustar o Hotel Malibu, em Vilas do Atlântico, para abrigar profissionais de saúde infectados, Moema não foi ouvida e não gostou. Evocou uma lei municipal que proíbe o uso de hotéis para fins de isolamento e mandará a Vigilância Sanitária embargar.
No subúrbio, isolamento e aglomeração no domingo
Num city-tour do isolamento batemos com duas cenas no subúrbio de Salvador que mostram um retrato da briga contra o corona em Salvador, com Deus e o diabo na mesma cena.
São Tomé de Paripe, vizinha de Inema, a praia da Base Naval de Aratu que virou point de presidentes da República nos finais de ano (Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer, só Bolsonaro veio e voltou), com a praia vazia num dia que deveria estar apinhada de gente, expunha a exuberância da beleza daquele canto de Bahia. Um pouco adiante, mais na direção centro, a feira do bairro, aglomeração total ou isolamento zero, tanto faz.
O desafio de Rui e Neto é evitar que o corona chegue lá, porque se chegar é um pratão.
REGISTROS
Demissão em Conquista
Alexsandro Costa pediu demissão da Secretaria de Saúde de Vitória da Conquista e saiu atirando. Disse que a cidade enfrenta dois grandes problemas, o corona e Rui Costa. Se ele olhasse direitinho, veria mais um, o próprio prefeito Herzem Gusmão (MDB). O sucessor de Alexsandro será o sexto secretário em três anos e quatro meses de governo. Dá quase dois por ano.
Endurecendo o jogo
Aliás, após ter flexibilizado a abertura do comércio na semana passada, Herzem começou esta semana jogando duro: ampliou o isolamento por mais sete dias e decretou a obrigatoriedade do uso da máscara para todos.
Em Jacobina também
Só para registrar, quem também pediu demissão de Secretaria de Saúde em tempo de pandemia foi Luciana Volois, de Jacobina, que alegou questões pessoais para o prefeito Luciano da Locar (DEM).
Rebu em Ipirá
José Ricardo (MDB), vice-prefeito de Ipirá, deu positivo para a Covid, segundo notícia dada pelo prefeito Marcelo Brandão (DEM). O furdunço: José Ricardo é médico e não se sabe se ele só pegou ou também passou. É o segundo caso confirmado lá.