Moro, a vedete da Lava Jato, cai atirando em Bolsonaro | Foto: Gabriela Biló | Estadão Conteúdo
‘Política é como uma nuvem. Você olha agora está de um jeito, daqui a pouco, de outro’.
A frase de Magalhães Pinto, ex-governador de Minas, é velhíssima, mas oportuníssima no caso do Sérgio Moro. Veja se não encaixa como uma luva.
Até um ano e meio atrás Sérgio Moro era o juiz da Lava Jato, o homem que botou Lula na cadeia que renunciou à condição de juiz federal, um cargo vitalício, para tornar-se ministro da Justiça.
Era uma aposta. A compensação pela perda da vitaliciedade viria com uma futura ascensão ao Supremo Tribunal Federal (STF), a corte maior da Justiça. Hoje, pede demissão bradando que não aceita a interferência política que Bolsonaro queria ter na PF, especialmente no Rio.
Impeachment — As acusações de Moro são graves, justo ele, o arauto maior da Lava Jato, dizendo que nem Lula ou Dilma interferiram na PF durante a própria Lava Jato, como se pretendia. Bolsonaro queria acompanhar o passo de alguns inquéritos, especialmente um envolvendo o filho Flávio, senador, acusado de fazer ‘rachadinha’ quando era deputado estadual no Rio.
Bolsonaro já explodiu o leque de aliados ajuntados no PSL, não tem filiação partidária e nem partidos para governar. Em plena crise da pandemia, agregou mais duas, as demissões de Mandetta e Moro. A questão: na Câmara tem 24 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Com o tempero dos panelaços, ele vai aguentar?
Neto, silêncio após encontro
Por que será que ACM Neto calou o bico após o encontro com Bolsonaro anteontem? Ele foi lá na condição de presidente nacional do DEM e logo após foi direto encontrar-se com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e amigo.
As relações entre Bolsonaro e Maia azedaram bastante depois que o presidente apareceu num ato contra a democracia. Certamente Bolsonaro quer que ACM Neto bote panos quentes.
Calamidade quase total
Nelson Leal (PP), presidente da Assembleia, pretende fechar na semana que vem a decretação de estado de calamidade nos 417 municípios baianos. Até a semana passada 374 projetos já haviam sido aprovados, faltam 43.
– Nós entendemos que é obrigação nossa dar aos prefeitos instrumental para combater a Covid.
Para quem já tem casos, a calamidade vale até dezembro. Quem não tem, três meses, prorrogáveis.
Dayane: ‘Ele é uma farsa’
Aliada de campanha de Bolsonaro, rompida desde que o presidente quis tomar o controle do PSL, partido pelo qual se elegeu e deu em briga geral, a deputada federal Dayane Pimentel aproveitou a demissão de Sérgio Moro e foi às redes fazer sua vingancinha:
– Há meses venho falando que esse presidente se tornou uma farsa. Precisou perdermos o maior símbolo de combate à corrupção, Sérgio Moro, para o Brasil entender que eu estava certa.
Ilhéus pode ser primeira do país a viver o ‘lockdow’
O ‘lockdown’, expressão inglesa que significa bloqueio total, é um recurso extremo, a forma mais rígida de isolamento que alguns países estão adotando contra o corona, pode fazer a sua estreia na Bahia. Pelo menos Rui Costa está cogitando usar o dispositivo em Ilhéus e Itabuna, onde o crescimento do corona disparou.
A taxa de crescimento do avanço do corona nesse estágio tida como ideal é de 7%. A Bahia, que é a menor do Brasil, está em 9% e a de Ilhéus, 30%, uma disparada que assusta.
– Faremos tudo que pudermos para frear o problema. Se preciso, usaremos a polícia.
Rui diz que se o pique de crescimento continuar como vai, no fim de maio a Bahia esgotará a sua capacidade em UTI.