Otto Alencar: "O momento agora exige é o foco no combate ao corona" | Foto: Luciano Carcará | Ag. A TARDE
E eis que neste turbilhão de notícias da pandemia e o seu imenso cabedal de malefícios surge a notícia de que o PSD tem o senador baiano Otto Alencar no seu rol de presidenciáveis. Ele vê isso sem empolgação, algo requentado e servido à mesa em momento inoportuno.
– Aprendi que em política só se toma decisão quando o momento exige. E o momento agora exige é o foco no combate ao corona. Ademais, é como dizia o mestre Bimba, o da capoeira: aprenda a se segurar, escorregar não é cair, é um jeito que o corpo dá.
Como ele também é citado como governadorável em 2020 na Bahia, lógico que se deduz: o que vale para lá, vale para cá também.
Centrão não — Otto diz que o PSD, o partido dele, fazia até antes da pandemia uma série de encontros para discutir problemas do país. Num deles, Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional, citou que dos 11 senadores e outros notáveis havia quatro que poderia pensar ‘em algo federal para 2020’. E citou ele, Antônio Anastasia, ex-governador de Minas, Ratinho Júnior, governador do Paraná, e Nelson Trade, do Mato Grosso.
Por enquanto, ele espera a pandemia passar para ver no que vai dar, já antecipando que no pós-pandemia terá a mesma posição de antes, nada de aproximação com Bolsonaro via Centrão.
– Nunca fui do Centrão nem antes nem agora. Continuo achando que Bolsonaro precisa é de assistência científica (na área médica).
Na Gamboa do Morro, ficou tudo ao redor do caixão, parece
Fernando Brito (PSD), prefeito de Cairu, se diz menos tenso após o episódio do 11 de maio, quando familiares de D. Porfíria dos Santos abriram o caixão dela, vítima de Covid, no povoado de Gamboa do Morro, estabelecendo o pânico.
Hoje, mais de 20 dias depois, 20 casos testaram positivo na Gamboa, um bucólico lugarejo de cinco mil habitantes na Ilha de Tinharé. E o último foi no domingo, sinal de que o alerta está ligado, mas com um alento:
– Todos os casos são relacionados ao velório de D. Porfíria. Até agora, ainda bem, não detectamos a contaminação comunitária.
Mas diz Fernando que todo cuidado é pouco. No Zimbo, a banda pobre do Morro de São Paulo, vedete do turismo no baixo sul, também na Ilha de Tinharé, houve um caso: o morador foi a Salvador fazer uma cirurgia num hospital e voltou contaminado.
Ou seja, nada a festejar.
Consumidor vai devagar
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Salvador registrou queda de 18,3% ao passar de 104,3 pontos em abril para os atuais 85,2 pontos, o menor patamar desde janeiro de 2018. No contraponto anual, a retração foi de 12,2%. Bate exatamente com o que diz Ricardo Alban, presidente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb):
– Não adianta a indústria produzir. O consumidor está com receio de meter a mão no bolso.
Defesa do Velho Chico só nas redes e na consciência
Sempre reverenciado por alunos e professores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), o 3 de junho, Dia Nacional de Defesa do Velho Chico, na versão 2020 não vai ter aquele grande alarido com o plantio de mudas de plantas nas margens em Juazeiro e Petrolina e a soltura de peixes com muita música.
O motivo é óbvio, não é? A Covid. A Univasf está fechada e a estudantada faz sua louvação para a data nas redes sociais evocando o bordão do evento: ‘Eu viro carranca em defesa do Velho Chico’, que vive um momento raro de fartura de água, o que, segundo o deputado Zó (PCdoB), vira um momento mágico para os ribeirinhos:
– É só alegria. Quem planta colhe e ainda tem a mesa com muito peixe.