Bolsonaro já disse que a Covid é uma gripezinha | Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil
Se alguém lá atrás escrevesse uma história narrando a trajetória de alguém que se tornou presidente da República com os lances de Jair Bolsonaro, certamente diriam que seria uma obra de ficção com eixo no realismo fantástico.
Um candidato a presidente de um partideco, o PSL, sem dinheiro e sem apoios, recebe uma facada, ganha o governo, se denga para Donald Trump, ensaia botar o filho embaixador nos EUA, diz que o presidente da França Emanuel Macron é casado com uma mulher feia, e no governo começou a chutar aliados por causa dos filhos, a começar por Gustavo Bebiano, demitido com dois meses de governo e morto de infarto no seguinte.
Covid — A história tem o tempero dos aloprados que ele nomeou para o governo, como Abraham Weintraub (ex da Educação), Ricardo Sales (Meio Ambiente), Sérgio Camargo e a cereja do bolo, a atriz Regina Duarte, que começou a vida como namoradinha do Brasil e no fim da história era bruxa malvada.
Mas é na era da Covid que ganhou notoriedade. É contra o isolamento pregado pela ciência, demitiu Nelson Mandetta, um médico, do Ministério da Saúde, debochou se misturando com apoiadores sem máscara e agora aparece dizendo-se infectado.
Bolsonaro já disse que a Covid é uma gripezinha e que todo mundo vai morrer um dia mesmo. E já disse que está se tratando com hidroxicloroquina. No que vai dar, fica para o próximo capítulo.
Lençóis até tentou resistir, mas a Covid quando chegou...
Lençóis, o portal de entrada da Chapada Diamantina, um dos maiores points turísticos da Bahia, resistiu bravamente à Covid. Até domingo, ostentava como grande trunfo o fato de estar zerado em matéria de pandemia, mas, quando caiu, a queda foi pesada.
A Covid atacou bem no miolo da administração municipal. Ontem Lençóis já registrava 20 casos, entre eles o prefeito Marcos Ailton (Republicanos), o Marcão, e os secretários Geovana Aguiar (Administração) e Andrés Iglesias (Meio Ambiente), além de vários outros funcionários.
O prefeito mandou testar todo mundo na prefeitura. Já na sexta passada ele apareceu numa transmissão ao vivo em rede dizendo das providências que estava tomando, àquela altura, com 17 casos suspeitos. O que ele não sabia, e por isso não disse, era que ele estaria no bolo.
Joaquim Neto testa positivo
Joaquim Neto (PSD), prefeito de Alagoinhas, passou também a engordar desde ontem a lista de prefeitos baianos infectados pela Covid. Ele fez o anúncio pela manhã e está isolado.
A UPB trabalha apenas com as informações que os prefeitos passam por livre e espontânea vontade e, por aí, já contabiliza 12 casos de prefeitos contaminados. Na real, é mais. Só esta semana teve, além de Joaquim, Marcão de Lençóis e Ana Paula, de Barro Preto.
Demitidos e sem receber protestam contra abandono
Duzentos trabalhadores da Maricultura Valença, empresa do grupo MPE, do Rio, estão acampados na porta da empresa, na estrada do Guaibim, literalmente entregues à própria sorte.
Eles foram demitidos em fevereiro e a empresa acertou pagar R$ 1 mil a cada por mês, independentemente da quantia. Dia 30 de junho, entrou com pedido de recuperação judicial, deu o golpe. Não paga nada. Na conta da indenização também estava o FGTS, que a empresa nunca recolheu, e a cesta básica. Por conta disso, eles não podem pedir o auxílio emergencial. Jaciane dos Santos, mãe de duas filhas, é um deles:
– Só não estamos abandonados porque estamos vivendo de doações. É muito triste.