Em 265 dos 417 municípios baianos, mais de 63%, o limite de gastos para candidatos a prefeito e R$ 10,8 mil para vereador | Foto: Reprodução
Pensou-se no início da pandemia que a campanha 2020, com a Covid no encalço e a proibição de comícios e aglomerações, caminhava para o império do marketing do horário eleitoral, mais as redes sociais.
Agora, a hora da campanha, o cenário não é bem esse eldorado para marqueteiros. Há alguns ingredientes novos:
1 - O limite de gastos imposto aos candidatos é tão baixo que só restaram dois caminhos, ou recebe também pelo caixa-dois ou trabalha barato.
2 - Os candidatos pelos quatro cantos da Bahia já estão fazendo uso intenso das redes a custos bem baixo.
Novos tempos — Claro que nenhum marqueteiro sonha com a volta dos anos dourados, antes da Lava Jato, quando pelo caixa-um, dois ou o que fosse o dinheiro rolava em malas e cuecas, mas fluía bem. Hoje, os limites de gastos para candidatos a prefeito são tão irrisórios que até parece coisa feita, um pulo da fartura para a secura.
Em 265 dos 417 municípios baianos, mais de 63%, o limite de gastos para candidatos a prefeito e R$ 10,8 mil para vereador. É o mínimo nacional, o piso.
Entre os nanicos estão Milagres, com 10 mil habitantes, Una, com 24 mil, Camamu, com 35 mil, e Monte Santo, com 50 mil, num vasto território. Já na pequena e rica Madre de Deus, 21 mil, o limite é R$ 272,5 mil, enquanto Jequié, com 156 mil, mais de sete vezes maior em número de habitantes, o limite é R$ 257 mil. Ainda tem isso em 2020, tamanho não é documento. O cofre conta.
Benito diz que apoio do PTB a Bruno está mantido. ‘Ele sabia’
O ex-deputado Benito Gama, presidente do PTB na Bahia, disse que a convenção que chancelou o apoio da legenda a Bruno Reis está mantida, apesar de o presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson, ter declarado a anulação.
Ele diz que Jefferson foi avisado antecipadamente da aliança e concordou:
– Não quero criar celeuma, mas a aliança foi feita com a anuência da executiva nacional, da qual eu sou vice-presidente.
Benito diz que a convenção já tinha sido homologada e registrada quando Jefferson decretou a anulação. E, além disso, em Salvador o partido tem diretório, que deliberou em conjunto, e não é comissão provisória.
Só para lembrar: no início da semana passada Roberto Jefferson esteve em Vitória da Conquista apoiando o prefeito Herzem Gusmão (MDB), quando chamou ACM Neto de ‘covarde’. Depois disso nada disse, mas ficou a rusga.
Em Juazeiro, cenário novo
O deputado Roberto Carlos (PDT) consumou mesmo o rompimento com o prefeito de Juazeiro, Paulo Bonfim (PT), que rifou o partido da vice em favor de Charles Leão (PP).
Roberto Carlos bandeou para a oposição. Declarou apoio à vereadora Suzana Ramos (PSDB), que também tem o apoio do ex-prefeito Josep Bandeira, que está inelegível.
A briga lá contra o prefeito Paulo Bonfim (PT) é da boa. Algo tipo Ba-Vi.
Fabíola: ‘Vou trabalhar 24 horas por dia, mas tô aí’
Antes de ser confirmada como candidata a vice na chapa de Major Denice (PT), a deputada Fabíola Mansur (PSB) dizia que já estava com agenda cheia em municípios pelos quais tem particular interesse, como Irecê, Cachoeira e Mucugê, e só aceitaria a indicação se fosse uma missão. O pedido partiu de Rui Costa:
– Sei que vou dar duro, trabalhar 24 horas por dia. Hoje já uso muito os meios digitais para atender os amigos, agora mais que nunca. Defenderei com garra a inclusão com base na economia criativa, pela via cultural.
Médica de ofício, dona de uma clínica oftalmológica, Fabíola já foi vereadora em Salvador e está no segundo mandato de deputada estadual. É uma das estrelas na atual legislatura.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Dupla opção
A Assembleia da Bahia, onde deságuam alegrias, aspirações, debates e angústias climáticas ou políticas nos quatro cantos da Bahia, perdeu um dos seus atores nas cenas das comissões, José Aguiar do Nascimento, ou Portela, Deputado ou ainda Vaqueiro, como queiram. Vinha lutando contra um câncer.
Figura afável de trânsito fácil por onde andou, Portelinha foi ativo no movimento estudantil dos anos 70, que ia às ruas contra a ditadura.
Lá um dia, em frente à Escola Politécnica, da Ufba, na Federação, praça lotada, ele soltou:
– Os que estão aqui têm duas opções ao alcance! Ou têm hombridade e partem para as ruas sem medo de acabar no Campo Santo, que está logo ali, ou vão ao Hospital das Clínicas, que é logo ali adiante, se borrando de medo!
A galera aplaudiu, a passeata seguiu; no caminho, o bom Portelinha chama o amigo do lado:
– Olha pro outro, rapaz. Teve a coragem de vir me dizer que está indo ao Hospital das Clínicas, mas é porque já ia mesmo.