Nas vacinas contra o Covid, as sobras dão boa ajuda | Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE
Do alto das suas mais de sete décadas, em casa recolhido com medo de Covid, nem por isso o jornalista José Carlos Teixeira deixa de jornalistar, nos últimos tempos, correndo atrás da vacina, até fazendo contagem regressiva. E foi aí que ele descobriu uma pérola: 90 dos 417 municípios baianos vacinaram mais do que as doses recebidas.
Assim o é que Salvador, a maior cidade da Bahia, recebeu 116.980 doses e vacinou 121.844 pessoas, entra pela pequena Almadina, que ganhou 149 doses e vacinou 158 pessoas e coroa com Caraíbas, o recorde proporcional, que teve 310 doses e vacinou 348 pessoas, ou 110% do volume recebido.
Bom uso — Algum erro na contagem ou na tabulação digital? Nada disso. Segundo a assessoria da Sesab a diferença se dá por uma razão elementar: cada dose deve ter no mínimo 3 mililitros (ml), mas os laboratórios sempre botam alguns ml a mais, de forma que, na média, para cada dez doses, sobra uma vacina.
Se é assim, os 90 que vacinaram mais que o recebido ao invés de estarem incidindo em erro, estão otimizando mais a aplicação. E os demais que cuidem de aprender a fazer o melhor proveito das quantidades recebidas.
Ontem, a Bahia registrou o recorde de 135 mortes no dia. Rui Costa diz que não adianta implantar mais leitos se falta pessoal para administrá-los. E cogita a possibilidade de importar médicos de outros países. A vacina é o xis da solução.
Fábio está bem melhor
A internação do secretário Fábio Vilas-Boas, com a Covid, preocupou muito auxiliares dele na Secretaria da Saúde do Estado. Por um detalhe: ele é hipertenso, um agravante sério em tais situações.
Ontem se dizia que a situação agora está bem mais tranquila. O médico Sérgio Sezler, pneumologista que está cuidando dele no Hospital Aliança, diz que ele está na segunda fase da doença, sem febre, sem falta de ar, mas ainda sem previsão de alta.
Brust e Ayrton, dois baiúchos
O professor Nelson Preto, doutor da Faculdade de Educação da Ufba, lembra um episódio da vida do amigo Hari Alexandre Brust, que esta semana nos deixou.
O pai dele, Ayrton Saul Pretto, veio para a Bahia em 1966 implantar a pioneira indústria do CIA, a Novopan. E aqui se juntou com Brust para criar o Centro Gaúcho da Bahia.
– Ficamos aqui pelo coração. Alexandre Brust e meu pai eram dois baiúchos.
Protesto contra o lockdown
Com cartazes tipo ‘queremos trabalhar’, ‘temos família’ ou ainda ‘respeitamos os protocolos, não nos confundam’, comerciantes, ambulantes e músicos se aglomeraram ontem no Trevo do Cabral, em Porto Seguro, para protestar contra o lockdown.
Eles dizem que lá, onde a vida noturna nos finais de semana é intensa, o prejuízo se amplia, até porque fechou tudo, deixando todos sem nada. Jânio Natal (PL), o prefeito, diz não ter jeito a dar.
Coronel Siegfried, mais um que a Covid nos tira
Na sua vasta trajetória assassina, a Covid nos tirou de cena também o coronel Siegfried Frazão, deixando a PM baiana de luto e também muito pesarosos os que com ele partilharam momentos da vida.
Como chefe da Comunicação Social da PM, um gentleman, sempre atencioso, conversa fácil e equilibrada e ‘também calibrada’, como gostava de ressalvar o próprio.
Marcelo Nilo (PSB), deputado federal e presidente da Assembleia quando Siegfried comandou a assistência militar da casa, diz que a perda para a Bahia é grande:
– Era um homem trabalhador, competente, sensato e muito respeitável. A PM perdeu uma das suas maiores entre as boas referências.
POLÍTICA COM VATAPÁ
O Rei da Piaçava
A piaçava, planta nativa, abundante no arquipélago de Cairu, no século passado era sinônimo de dinheiro vivo. E lá, onde também fica Morro de São Paulo, com um pedaço de Bahia com bom cabedal do Brasil Colonial, sempre batizou os senhores da piaçava como Rei.
A lista é boa. Manoel Altivo, Benedito Luz, Cândido Meirelles e lá pelos anos 70 Manoel Palma Ché, o Mané Ché, figura afável, sempre de bem com a vida, e muito brincalhão.
Elegeu-se prefeito pelo MDB, mas ficou amigão de Antonio Carlos Magalhães, a ponto de abastecer o líder com frutos do mar, camarão, caranguejo, polvo, siri e lagosta, marcas de Cairu.
E lá um dia ACM chega a Cairu de lancha e é recebido no cais por Ché:
– Ché, meu amigo! Que bom vê-lo assim!.
E dando um tapinha na barriga de Ché:
– Você se deu bem com a prefeitura, hein? Começou, era magrinho, agora já está com essa barriga saliente...
E Ché, também dando um tapinha na barriga de ACM:
– É... Imagine o senhor, que tem o estado todo.