O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, desqualificou hoje a resolução contra seu país, aprovada no sábado pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e disse que as nações que votaram a favor dela "irão se arrepender". A resolução prevê uma série de sanções ao Irã por sua recusa em suspender seu programa nuclear, suspeito de incluir a produção de armas atômicas.
"Não faz diferença se eles aceitam ou não - o Irã é hoje um Estado nuclear estabelecido", disse Ahmadinejad, segundo a agência de notícias estatal Irna. Durante um comício em frente à antiga embaixada dos EUA, em Teerã, ele disse que a resolução é só "um pedaço de papel" e ao aprová-la os países perderam "a oportunidade de ter relações amigáveis com o Irã".
Em resposta à aprovação das sanções, Teerã iniciou hoje a instalação de 3 mil centrífugas na usina nuclear de Natanz, no centro do país. O governo iraniano, havia anunciado ainda no sábado que continuaria a enriquecer urânio - processo que pode ser usado tanto para produzir energia elétrica, quanto para construir armas nucleares.
"Já havíamos dito que, se os ocidentais quisessem recorrer o Conselho de Segurança, não apenas não nos deixaríamos influenciar, como estaríamos mais determinados a perseguir rapidamente nossos objetivos no setor nuclear", afirmou o chefe dos negociadores iranianos, Ali Larijani, segundo o jornal iraniano Kayhani.
O parlamento iraniano começou a analisar em regime de urgência uma lei para que o governo "revise sua cooperação" com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Vários deputados também pediram que o Irã expulse imediatamente os inspetores da agência do país e abandone o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. "Não dá para esperar que nós tenhamos o mesmo nível de cooperação com a AIEA agora", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mohammad Ali Hosseini. Teerã insiste que seu programa nuclear têm fins pacíficos, apesar das suspeitas dos EUA e outros países, de que estaria tentando construir bombas nucleares.
A resolução aprovada ontem permite a imposição de sanções econômicas, mas não o uso da força militar. O texto proíbe que os países membros da ONU forneçam ao Irã material e tecnologia usados no enriquecimento de urânio e na construção de mísseis balísticos (de longo alcance). Ele também estabelece o congelamento de ativos financeiros de pessoas e organizações supostamente envolvidos no programa nuclear iraniano.
O Irã recebeu um prazo de 60 dias para interromper as atividades de enriquecimento de urânio. Se ele for cumprido, as sanções poderão ser levantadas. Caso contrário, o país poderá sofrer mais punições. A decisão deve ser tomada com base num relatório do diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei. A resolução obriga o Irã a cooperar com os inspetores da organização.