O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, declarou hoje que agora "é tarde demais" para interromper o programa nuclear do país e advertiu aos Estados Unidos e aliados que não pressionem pela aprovação de novas sanções contra Teerã no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), comparando a república islâmica com um leão sentado silenciosamente em seu canto. "Nós os advertimos a não puxar a cauda do leão", alertou Ahmadinejad em entrevista coletiva concedida hoje em Teerã durante um evento com outras autoridades iranianas e dignitários estrangeiros.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, disse que a chancelaria americana não acredita que seja tarde demais para que o Irã contenha o avanço de seu programa nuclear. "Ele poderia tomar hoje mesmo a decisão de aceitar uma oferta razoável para negociar com o resto do mundo para que o Irã possa ter energia nuclear para fins pacíficos sem uma nuvem pairando sobre o país", comentou McCormack. "O sistema internacional não se sentirá intimidado por ameaças e blefes do governo iraniano", opinou.
Os EUA e outras potências ocidentais acusam o Irã de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. O governo iraniano nega e assegura que suas usinas atômicas têm fins estritamente pacíficos de geração de energia elétrica. Pouco depois das declarações de Ahmadinejad, o governo iraniano anunciou sua mais dura recusa às exigências americanas de que liberte cidadãos com dupla nacionalidade iraniana e americana suspeitos de espionagem.
A chancelaria iraniana argumentou que os abusos cometidos pelos EUA - desde os maus-tratos aos prisioneiros mantidos em Guantánamo a um policial imobilizando um estudante iraniano-americano com um taser - mostram que Washington não tem o direito de acusar Teerã de desrespeito aos direitos humanos. "Ao invés de aparecer com sugestões ineficazes, os Estados Unidos deveriam lidar com seus próprios problemas: prisões secretas, maus tratos e até mesmo tratamento desumano de prisioneiros em Guantánamo e em Abu Ghraib", disse Mohammad Ali Hosseini, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã.