A polícia alemã investiga se o incêndio que tomou conta de um prédio habitado por turcos em Ludwigshafen, sudoeste do país, foi criminoso. No incêndio de domingo, nove pessoas morreram - entre elas, cinco crianças e uma mulher grávida. Por enquanto, os investigadores mantêm todas as possibilidades abertas, mas não descartam a possibilidade de o ato ter sido motivado por xenofobia. Uma das evidências que levou a polícia a considerar essa possibilidade foi o fato de uma pichação neonazista ter sido encontrada em um muro do prédio, próximo à entrada de um centro cultural turco que funciona no local.
A palavra "Hass" - alemão para "ódio" - estava escrita duas vezes na parede do edifício. No entanto, hoje, peritos ligados à investigação afirmaram que as pichações não estão relacionadas com o incidente, porque foram feitas muito tempo antes do incêndio. "Até esse momento não vemos nenhuma conexão com o incêndio", afirmou o porta-voz da polícia Volker Klein.
A polícia está trabalhando com informações de duas meninas de 8 e 9 anos que estavam no prédio. Elas afirmam que viram um homem desconhecido colocando fogo em um objeto com um isqueiro e depois jogando o objeto próximo a um carrinho de bebê que estava em um dos corredores do prédio. Participam também da investigação peritos turcos, enviados pelo governo de Ancara à cidade. O incêndio de domingo deixou mais de 60 feridos, dos quais 20 continuam no hospital.
Durante o incidente, pessoas se jogaram do prédio e, em desespero, os pais de duas crianças jogaram os filhos pela janela para que fossem salvos por bombeiros, que usaram colchões para amortecer a queda. Durante o resgate, os bombeiros não conseguiram entrar em algumas áreas do edifício por causa do risco de desabamento. A comunidade turca criticou a atitude da equipe de resgate. Hoje, a prefeita de Ludwigshafen, Eva Lohse, defendeu o trabalho realizado pelos bombeiros.
BombasO prédio, habitado por duas famílias turcas, foi vítima de um ataque com bombas em 2006. Na ocasião, o fogo conseguiu ser extinguido sem deixar vítimas. A polícia não confirmou ligação entre os dois incidentes.
Segundo a versão digital da revista alemã Der Spiegel, as famílias desabrigadas receberam doações no valor de 32 mil euros, dos quais 5 mil euros foram fornecidos pela prefeitura e pelo governo da região.
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, visitou o local do incêndio na tarde de hoje e pediu cautela aos turcos residentes na Alemanha que acreditam que o ataque foi xenófobo. "Nossa dor é grande, mas nossos amigos alemães também estão sofrendo", afirmou o premiê, que reuniu-se com os parentes das vítimas. Antes de fazer a visita, um escritório do governo local recebeu uma ameaça contra Erdogan. Horas depois, a polícia constatou que o premiê não corria perigo ao visitar o local. Atualmente, 2,5 milhões de turcos moram na Alemanha, que por sua vez é o principal parceiro comercial da Turquia.