No primeiro dia de discursos na 61ª Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, os presidentes da América Latina insistiram na reforma do Conselho de Segurança, mas deixaram claro suas divergências sobre a questão.
"O Brasil sustenta que a expansão do Conselho de Segurança deve considerar a entrada de países em desenvolvimento como membros permanentes. Isso tornaria o órgão mais democrático, legítimo e representativo", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos representantes dos 192 Estados membros.
"A grande maioria dos Estados membros está de acordo com este ponto de vista e reconhece a urgência do assunto", acrescentou Lula, sem chegar a postular diretamente para o Brasil um dos postos permanentes em uma eventual ampliação. "Cedo ou tarde, devemos abrir a porta para a democratização dos órgãos de decisão internacionais".
Brasil, Índia, Alemanha e Japão formaram em 2004 um grupo de pressão (G-4) para defender suas respectivas candidaturas a postos permanentes, no caso de uma ampliação do Conselho.
O Conselho conta atualmente com 15 membros, cinco permanentes - China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia - e com direito de veto. Os outros dez mudam a cada dois anos.
O G-4 propõe a criação de um Conselho com 25 membros (11 permanentes e 14 não permanentes). Dos seis novos postos permanentes, quatro seriam ocupados pelo G-4, sem direito de veto.
Já o presidente mexicano, Vicente Fox, reiterou na Assembléia Geral a oposição de seu país à entrada de novos membros permanentes no Conselho de Segurança.
"O México acredita no presente e no futuro da ONU. Sempre trabalhamos aqui de forma construtiva, buscando a criação de consensos e apresentando iniciativas para atender aos grandes desafios do nosso tempo", explicou Fox.
"Estou seguro de que nosso compromisso com a reforma da ONU resultará numa organização mais forte, capaz de cumprir os nobres objetivos para os quais foi criada".
O México é um dos criadores do Grupo de Amigos da Reforma da ONU, que inclui países como Argélia, Austrália, Canadá, Colômbia, Chile, Espanha, Holanda, Japão, Quênia, Nova Zelândia, Paquistão, Cingapura e Suécia.
Todos esses países se opõem à iniciativa do G-4 para a criação de novos assentos permanentes no Conselho de Segurança.
"A reforma do Conselho deve assegurar que todos os Estados membros participem com maior freqüência desse órgão. Por isso, o México propõe a ampliação da categoria de assentos não permanentes, com possibilidade de reeleição imediata", disse Fox.