O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, exigiu hoje que o Exército de Israel levante o cerco à Faixa de Gaza e abra os entroncamentos de fronteira. Annan também emitiu um apelo pelo fim dos confrontos entre militares israelenses e militantes palestinos que resultaram na morte de mais de 200 palestinos desde o fim de junho.
Israel manteve fechadas as entradas de carga e de pedestres de Gaza durante a maior parte deste ano em meio a alertas de segurança e a disparos de foguetes promovidos por militantes palestinos, agravando a crise humanitária no território litorâneo. "Mais de 200 palestinos foram mortos desde o fim de junho. Isso deve parar imediatamente", declarou Annan durante visita a Ramallah, na Cisjordânia.
"Eu manifestei minha opinião em encontros com autoridades israelenses. Além de preservar a vida, precisamos sustentar a vida. O cerco a Gaza deve ser levantado. Os entroncamentos de fronteira devem ser reabertos, não apenas para a entrada de bens, mas também para que os palestinos possam exportar o que produzem", declarou Annan. O secretário-geral está fazendo um giro de 11 dias por diversos países do Oriente Médio. Hoje, ele reuniu-se com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em Ramallah.
Recentemente, autoridades estrangeiras propuseram o envio de uma força internacional de manutenção de paz a Gaza. No fim de junho, o Exército israelense desencadeou uma ampla operação militar contra o território palestino litorâneo em resposta à captura de um soldado de Israel por rebeldes palestinos. "Não dispomos de planos imediatos de envio de tropas de paz aos territórios palestinos", comentou Annan. Ele disse ainda concordar com a visão de Abbas de que o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos seguido da criação de um Estado palestino independente, soberano e viável "é a chave para a solução dos problemas" no Oriente Médio.
Em setembro de 2005, Israel desmantelou todos os seus assentamentos judaicos e bases militares mantidos na Faixa de Gaza e retirou-se do território palestino litorâneo no âmbito de um acordo unilateral promovido pelo então primeiro-ministro Ariel Sharon. Entretanto, Israel manteve o controle sobre as fronteiras terrestres, o espaço aéreo e as águas territoriais de Gaza. O governo israelense autorizou a ANP a operar um terminal na fronteira com o Egito, mas o funcionamento do local depende da presença de observadores da União Européia (UE) e está sujeito a alertas de segurança emitidos por Israel.