Representantes do Consulado Brasileiro em Barcelona estiveram, nesta terça-feira, 23, no Presídio Modelo de Barcelona para solicitar detalhes sobre a prisão do baiano Wilson Borges Ferreira, de 23 anos, detido durante a noite do último dia 7 de setembro quando voltava para casa. A informação é do pai do jovem preso, Paulo Cezar Souza Sento Sé. Segundo ele, a Justiça espanhola garante que seu filho foi detido por ter roubado um táxi, mas nesta quarta-feira, 24, os diplomatas brasileiros voltarão ao presídio para conversar pessoalmente com o preso. “Está claro que se trata de mais um caso de racismo e perseguição contra brasileiros, algo que tem acontecido freqüentemente nos últimos anos, e os membros do consulado confirmarão isso ao ouvir de Wilson como ele foi espancado e obrigado a assinar a confissão”, afirmou o pai.
Paulo Cezar está tentando agendar uma audiência com o governador da Bahia, Jaques Wagner, para solicitar que intervenha junto aos oficiais da Espanha. Entretanto, a assessoria do governador já adiantou que não pode fazer muito e o caso tem que ser acompanhado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). De qualquer modo, segundo a assessoria de Wagner, o governador soube do ocorrido, nesta terça-feira, ainda em Nova Iorque, e solicitou ao seu chefe de gabinete do Estado, Fernando Schmidt, que acionasse o MRE para solicitar providências sobre o caso.
A governadora interina e presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Sílvia Zarif, afirmou que o pai de Wilson não a havia procurado, mas, como tem “amizade com o embaixador da Espanha no Brasil e a mulher dele, que é baiana”, iria procurá-lo para tomar esclarecimento. O embaixador espanhol no Brasil, Ricardo Peidró, não se pronunciou, mas sua assessoria disse que a embaixada está apurando o fato e que comentaria o caso ainda nesta quarta.
NAMORADA – Na terça, a namorada do baiano, Danyela Azambuja, 21 anos, gaúcha que mora com os pais em Barcelona há seis anos e há cinco meses conheceu Wilson, revelou que esteve com ele no último sábado, 12 dias após a prisão. “Para nós ele estava desaparecido, já que a polícia só permitiu que Wilson utilizasse o telefone oito dias após ter sido preso”, disse, destacando que estava de férias no Brasil quando ocorreu o prisão do namorado. “Durante alguns dias, eu o telefonei várias vezes mas o celular dele estava sempre desligado. Preocupada, voltei para a Espanha e a mãe dele também veio, mas só conseguimos vê-lo através de um vidro e conversando por telefone, vigiadas por policiais. Ele ainda estava cheio de hematomas no rosto”, ressaltou.
De acordo com Danyela, Wilson lhe disse que estava caminhando em direção a um ponto de ônibus, quando foi abordado por policiais. Acontece que o baiano estava sem os documentos que comprovariam sua legalidade no país por ter sido roubado semanas antes. “Os policiais ignoraram o boletim de ocorrência do roubo, assim como o passaporte brasileiro e o jogaram em uma viatura, espancando-o até o dia seguinte. Ao apresentá-lo a um juiz, disseram que, se ele contasse algo sobre a tortura e não admitisse a culpa, seria morto dentro de uma cela”.
*colaboraram Katja Polisseni e Rita Conrado.