O líder da centro-direita da Itália, Silvio Berlusconi, fez hoje o juramento como premiê e passou a comandar como primeiro-ministro o governo italiano pela terceira vez, após seus aliados conservadores terem vencido as eleições do mês passado. O magnata da mídia, com 71 anos, e seus 21 ministros, fizeram o juramento no Palácio do Quirinal. Berlusconi assinou o documento de posse em frente ao chefe de Estado da Itália, o presidente Giorgio Napolitano. "Eu prometo ser leal à república, a observar com fé a Constituição e as leis e a exercitar meus deveres no interesse exclusivo da nação," disse o bilionário, que tem sido criticado com persistência desde que entrou na cena política italiana, há 15 anos.
A vitória incontestável de Berlusconi na eleição de abril lhe deu uma confortável maioria parlamentar tanto na Câmara como no Senado, onde seu governo - o 62º da Itália desde o final da Segunda Guerra Mundial - enfrentará voto de confiança. Como tem uma folgada maioria, deverá ser aprovado, no dia 14 na Câmara, talvez no dia seguinte no Senado. Muitos dos mais importantes ministros, incluídos o do Exterior, de Economia e do Interior, foram indicados por aliados políticos e já participaram de algum dos dois governos anteriores de Berlusconi (em 1994 e em 2001-2006).
Entre os 21 ministros, quatro são mulheres, nenhuma em ministério mais importante. A Liga Norte, um partido que combate a imigração e que até meados da década de 1990 queria separar o norte do resto da Itália, recebeu vários cargos, incluído o de ministro do Interior. O ex-comissário de Justiça da União Européia, Franco Frattini, foi nomeado ministro do Exterior, e Giulio Tremonti recebeu a pasta da Economia.
O polêmico Umberto Bossi, chefe da Liga Norte, cuja política contra a imigração e a favor do federalismo ajudou a levar Berlusconi novamente ao cargo de premiê, foi nomeado ministro das Reformas. O Ministério da Justiça, outro cargo sensível por causa das questões legais enfrentadas por Berlusconi e seus freqüentes ataques à magistratura italiana, foi para outro aliado próximo, Angelino Alfano, um político importante na Sicília do Povo da Liberdade, o atual partido do premiê. "Eu acredito que a composição do gabinete é uma clara indicação de que Berlusconi está no comando. É um sinal do seu poder," disse o analista político Franco Pavoncello, da Universidade John Cabot, em Roma.
AlitaliaEntre os mais urgentes problemas que esperam Berlusconi, está a grave crise da linha aérea paraestatal, a Alitalia. Segundo a Agência Ansa, o Senado dedicará uma sessão inteira para discutir o destino da Alitalia, da qual o Estado italiano ainda tem 49,5% das ações. A informação partiu do senador Luigi Zanda. A venda da empresa para o grupo Air France-KLM, uma tentativa do antigo governo para salvá-la, fracassou.
O premiê que deixa o cargo, Romano Prodi, sorriu quando apertou as mãos de Berlusconi, na passagem de poder no Quirinal. Um Prodi sorridente entregou a Berlusconi um pequeno sino de ouro - com o qual o premiê da Itália abre e encerra as reuniões do gabinete de ministros. Berlusconi parecia tenso. Prodi, ex-chefe da Comissão Européia, é o único político a ter derrotado Berlusconi - duas vezes - em eleições gerais que definiram o cargo de premiê.
Brigas internas e defecções entre os partidos de centro-esquerda ruíram os dois governos de Prodi. Em abril deste ano, Berlusconi derrotou Walter Veltroni, ex-prefeito de Roma que chefia a centro-esquerda, e voltou ao poder. Durante a campanha, Berlusconi prometeu que o primeiro encontro do gabinete de ministros do seu governo será em Nápoles, em um sinal de que tentará resolver a grave crise sanitária que aflige a metrópole do Sul, onde pilhas de lixo ainda se acumulam nas ruas.