Líderes da América Latina e do Caribe debatiam neste sábado questões de energia, infra-estrutura e de âmbito social na Cúpula do Grupo do Rio, realizada na Guiana, a poucos dias de uma visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a países da região.
Num encontro breve entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Felipe Calderón, do México; e Michelle Bachelet, do Chile; e o chanceler da Argentina, Jorge Taiana, que antecedeu as deliberações da cúpula, falou-se informalmente sobre a possibilidade de Cuba de integrar o Grupo do Rio.
"Não há razão para isolar Cuba, mantendo o caráter de defesa da democracia", disse a jornalistas o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.
Apesar dos pedidos do Grupo do Rio para reforçar os laços entre os 20 países-membros, apenas sete presidentes compareceram ao encontro. Na última hora, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cancelou sua presença na cúpula.
O chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, disse à imprensa que o mandatário não pôde ir ao evento por quetões de "agenda intensa". Perguntado se nas deliberações o tema da visita de Bush foi tratado, ele disse que não.
O encontro de Georgetown é o último evento institucional entre os líderes da região antes da visita de Bush. Chávez criticou a vinda do presidente norte-americano, que chama de "o diabo", por vê-la como uma tentativa de dividir os países da região.
A presidente do Chile afirmou que os líderes trabalhariam na sessão deste sábado para fortalecer "áreas como energia, infra-estruura, obviamente o social e o relacionado à mudança climática, que são temas que nos afetam e nos importam".
O presidente da Guiana, Bharrat Jadgeo, pediu no início da cúpula, na sexta-feira, a união das nações latino-americanas e caribenhas para falar numa só voz e abordar temas como a redução da pobreza e a integração dos governos.
Após uma série de eleições presidenciais em 2006, a América Latina ficou dividida entre aliados de Washington, como Peru e Colômbia, e seus críticos, como Bolívia, Equador e Venezuela. Entre os dois grupos, permanecem Brasil, Chile e Argentina.
Bush chegará na próxima quinta-feira ao Brasil para em seguida visitar Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. Além dos chefes de Estado desses países, Bush será recebido também por protestos.
Chávez prometeu participar de uma marcha na Argentina em repúdio à visita de Bush ao vizinho Uruguai.
O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, disse na sexta-feira que receberá seu colega norte-americano para promover o intercâmbio comercial, mas afirmou que tem divergências com a potência mundial.
"Se existem diferenças entre os governos dos Estados Unidos e do Uruguai? Claro. Esse é um governo popular, democrático, antioligárquico e antiimperialista", disse. No entanto, ele acrescentou que "o cortês não tira o valente, porque temos outras coisas nas quais coincidimos".
A relação entre as duas nações se estreitou nos últimos meses, e Montevidéu trabalha com a possibilidade de alcançar um tratado de livre comércio com Washington.