As seis nações engajadas em conter o programa de enriquecimento de urânio iraniano fizeram "um bom progresso" nesta quarta-feira nos esforços para achar um censo comum sobre as recompensas que serão oferecidas para que o país desista de seu programa nuclear. A informação foi repassada pelo representante da Grã-Bretanha nas negociações, John Sawer. Possíveis sanções, que servirão de punição caso o Irã não encerre suas atividades, também foram discutidas.
Sawer descreveu as reuniões como um "bom dia de trabalho" e reconheceu que os países chegaram a uma decisão sobre o pacote de incentivos e penalidades para que o programa de enriquecimento de urânio seja encerrado.
"Foi encorajador mas ainda há muito trabalho a ser feito", acrescentou o britânico ao deixar a residência da secretária de Relações Exteriores britânica, Margaret Beckett. Segundo ele, ainda haverá mais consultas entre as partes envolvidas.
Os comentários de Sawer sugerem progresso em uma questão que por messes dificultou o estabelecimento de uma posição conjunta entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França e China - sobre uma resolução aceitável tanto por Washington quanto por Moscou.
Diplomatas também disseram, antes da reunião, que as seis nações discutiriam uma concessão que retiraria da resolução a ameaça automática de ação militar, mas ainda manteria o pacote de sanções caso o Irã continue com sua postura desafiadora.
A Rússia e China se opõem aos pedidos dos Estados Unidos, França e Reino Unido de uma resolução mais dura que inclua a ameaça de sanções e de ação militar. A retirada da menção à ação militar deve ajudar a resolver o entrave entre os países, afirmaram os diplomatas, sob condição de anonimato. Caso o Irã recuse o pacote, a proposta pede que a resolução do Conselho imponha sanções sob o Capítulo 7, Artigo 41, da Carta da ONU. Mas evita qualquer referência ao Artigo 42, que se estabelece o uso de ação militar para reforçar a resolução.
Além disso, em uma segurança adicional para Moscou e Pequim, o documento pede que, em caso de negativa iraniana, sejam realizadas novas consultas entre os cinco membros permanentes sobre ações futuras contra o Irã.
A proposta lista entre as possíveis sanções a proibição de vistos de viagem para oficiais do governo; o congelamento de bens; proibição de transações comerciais de membros do governo envolvidos no programa nuclear; embargo bélico e a proibição de exportações de derivados de petróleo para Teerã.
Caso o Irã concorde em suspender o enriquecimento, inicie novas negociações sobre seu programa nuclear, permita a inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e transfira o programa de enriquecimento para a Rússia, serão oferecidos benefícios que incluem a suspensão da discussão do caso iraniano no Conselho de Segurança, a ajuda na construção de um novo reator de água-leve no Irã e um suprimento de combustível nuclear por cinco anos.
Estados Unidos
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, reuniu-se hoje com a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, após conversações com o negociador iraniano, Ali Larijani. ElBaradei disse que os EUA deverão decidir se participarão de negociações diretas com o Irã sobre a crise nuclear.
Horas antes, o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, tinha anunciado que os EUA não negociariam diretamente com o Irã, mas deixarão as portas abertas a negociações se o governo de Teerã provar que deteve permanentemente todas suas atividades de desenvolvimento de armas nucleares.
Snow repetiu as exigências da Casa Branca para que o Irã suspenda o enriquecimento e o processamento de urânio de forma verificável e permanente.