A primeira união civil homossexual do México foi celebrada ontem por um casal de lésbicas, ao norte da cidade de Saltillo. Karina Almaguer e Karla Lopez saíram de casa, no Estado de Tamaulipas, e viajaram até a cidade para consolidar a primeira "união civil solidária" do país.
Redes de televisão locais mostraram o casal comemorando a união com autoridades, logo após a cerimônia simples no cartório da cidade. A deputada Julieta Lopez Fuentes, do Estado de Coahuila, foi a testemunha. Uma lei aprovada recentemente na assembléia do Estado permite que pessoas de outros lugares oficializem suas uniões. "O objetivo desta lei é permitir que uniões de pessoas do mesmo sexo tenham legalidade, sejam reguladas e reconhecidas, para que elas tenham algum tipo de segurança no futuro", disse a deputada Julieta.
Em novembro, a Cidade do México - que tem poder de independência por ser a capital do país - aprovou uma lei semelhante. Foi a primeira lei a reconhecer as uniões civis entre homossexuais no México, mas só terá validade em março.
Este tipo de lei, que equipara as uniões homossexuais aos casamentos tradicionais - principalmente no tocante aos benefícios sociais - tem sido alvo de duras críticas por parte da Igreja Católica e do partido conservador do presidente mexicano, Felipe Calderón.
Enquanto a homossexualidade é ainda um tabu em diversas áreas rurais da América Latina, as regiões mais urbanizadas estão se transformando em "socialmente liberais". Ao autorizar as uniões gays, Cidade do México e Coahuila adotam posturas semelhantes a Buenos Aires e o Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, onde juízes já abriram jurisprudência para a legalização das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. Leis semelhantes já foram discutidas nos parlamentos da Costa Rica e Colômbia, mas não foram aprovadas.