Os islâmicos que acabam de assumir o poder na Somália expressaram no sábado suas condolências à família do cinegrafista sueco morto durante uma manifestação em Mogadíscio e disseram que fizeram mais três prisões na busca pelo assassino.
O presidente da União das Cortes Islâmicas (UCI), xeque Sharif Ahmed, responsabilizou pelo ataque aqueles que querem desestabilizar a capital somali, semanas depois de seus novos governantes islâmicos terem dito que haviam pacificado a cidade, uma das mais perigosas do mundo, depois de 15 anos de anarquia.
Martin Adler foi morto na sexta-feira por um disparo quando filmava uma multidão de milhares de pessoas que participavam de uma manifestação liderada pela UCI.
"As cortes islâmicas lamentam profundamente a morte e enviamos nossas condolências à família e colegas (de Adler)", disse Ahmed em entrevista à imprensa, acrescentando que os responsáveis serão encontrados.
O porta-voz da UCI, Abdurahman Ali Osman, que vive em Nairobi, disse que mais três pessoas foram presas na investigação do disparo e que uma mulher detida na sexta-feira ainda estava sendo interrogada.
Osman disse na sexta-feira que a UCI responsabiliza pelo assassinato os seguidores de um chefe guerreiro menos conhecido, Abdi Awale Qaybdiid, que continua em Mogadíscio, apesar de os islâmicos terem assumido o controle da capital.
Depois, disse que não era certeza, mas acrescentou que Qaybdiid havia sido advertido a cooperar, sob pena de ser "atacado".
A milícia islâmica tomou Mogadíscio em 5 de junho e de lá avançou para o interior. A capital estava então sob controle de secularistas que, segundo se acredita, tinham o apoio dos Estados Unidos.
Adler, cinegrafista freelance premiado, que cobriu mais de duas dúzias de zonas de guerra durante a sua carreira, era de origem anglo-sueca. Era casado e tinha duas filhas. Seu corpo foi enviado no sábado para o vizinho Quênia de avião, de acordo com fontes do aeroporto.
GOLPE CONTRA A UCI
O disparo foi um golpe contra a liderança da UCI, que vem fazendo grandes esforços para apresentar uma imagem moderada, de forma a contrabalançar as acusações de que dá abrigo a extremistas ligados à al-Qaeda. Ahmed disse que será montado um novo escritório de segurança para jornalistas.
Os islâmicos e o governo interino da Somália assinaram um acordo na quinta-feira em Cartum, com o objetivo de evitar um confronto e iniciar negociações.
Houve manifestações de apoio à UCI em outras partes do país no sábado, mas a proibição de assistir a Copa Mundial provocou protestos e milicianos dispararam para o ar para dispersar centenas de jovens.