A polícia chinesa desarticulou um complô de extremistas engajados em planos de ataques durante os Jogos Olímpicos de Pequim, ao mesmo tempo em que os tripulantes de um avião conseguiram evitar que sua aeronave fosse derrubada, em dois casos aparentemente sem vínculo um com o outro ocorridos nas últimas semanas, informaram hoje autoridades locais.
O líder comunista Wang Lequan, máximo representante do partido na região de Xinjiang, no oeste do país, disse que a polícia descobriu um complô para "sabotar especificamente a abertura da Olimpíada de Pequim", prevista para agosto, durante uma operação de busca e apreensão no fim de janeiro. "O objetivo era muito claro", disse Wang a jornalistas em Pequim.
Informações anteriores sobre a operação não traziam nenhuma menção aos Jogos Olímpicos. Na ocasião, dois membros do grupo morreram, 15 foram detidos e documentos acabaram apreendidos.
Wang disse que o grupo atuava sob ordens da liderança de uma organização separatista uigur, baseada no Paquistão e no Afeganistão e chamada Movimento Islâmico do Turquestão Oriental. O grupo é qualificado como "organização terrorista" tanto pela Organização das Nações Unidas (ONU) quanto pelos Estados Unidos. Turquestão Oriental é o nome pelo qual rebeldes referem-se à província de Xinjiang.
Autoridades chinesas combatem há anos um movimento separatista entre a etnia uigur de Xinjiang, um povo distinto, étnica e culturalmente, da maioria han chinesa. Segundo Pequim, a principal ameaça interna vem do grupo islâmico, embora acredite-se que a organização conte com poucas dezenas de membros. A China atacou um campo de treinamento do movimento no ano passado, matando 18 extremistas supostamente ligados à Al-Qaeda.
A China tem reforçado a segurança para assegurar que a competição transcorra sem sobressaltos. No ano passado, o comando da polícia qualificou o "terrorismo" como a principal ameaça aos jogos olímpicos.
A operação policial e o incidente com o avião foram mencionados durante uma reunião anual do Parlamento para discutir o terrorismo, da qual participaram os delegados de Xinjiang.
O incidente com o avião ocorreu na sexta-feira, a bordo de um avião da China Southern Airlines com destino a Urumuqi, no leste chinês, disse Nur Bekri, governador da província de Xinjiang. "Pelo que soubemos, tratou-se de uma tentativa de derrubar o avião", relatou. Segundo ele, a tripulação conseguiu fazer um pouso de emergência em Lanzhou, também no oeste chinês. Não houve vítimas nem danos, prosseguiu ele, sem fornecer mais detalhes.