O governo venezuelano do presidente Hugo Chávez assume nesta terça-feira os controles acionário e operacional dos poços de petróleo da faixa do rio Orinoco, onde estaria a maior reserva mundial de cru.
A medida é parte de um extenso plano de nacionalizações iniciado em janeiro pelo presidente, após sua reeleição em dezembro, que inclui também os setores de telecomunicações e energia, além da invasão de terras, do controle de frigoríficos e a regulamentação do serviço médico privado.
Semana passada, 10 das 13 empresas que operam em explorações de risco a ganho compartilhado na Faixa do Orinoco, 55.300 km2 a sudeste da Venezuela (duas vezes o tamanho de Israel), e no Golfo de Paria, assinaram memorandos de entendimento com o governo.
A partir de hoje a companhia estatal de petróleo PDVSA controlará no mínimo 60% das ações de quatro empresas mistas formadas por multinacionais: a francesa Total, a norueguesa Statoil (Sincor), as americanas Chevron Texaco (Ameriven) e Exxon Móbil, British Petroleum e a alemana Veba Oel (Cerro Negro).
A americana Conoco Philips (40% na Ameriven e 50,1% na Petrozuata) manteve até a última hora as complexas negociações e até o prazo limite não havia assinado acordo. A italiana ENI e a Petrocanadá também não assinaram nada, esta última por "problemas técnicos".
A Promotoria intervirá nos casos das empresas que se negarem a afirmar. As negociações irão até 26 de agosto, quando o Congresso, sob controle total do partido governista, aprovará os acordos.
O ministro da Energia, Rafael Ramírez, disse no fim de semana que as empresas da Faixa, estimadas em mais de 25 bilhões de dólares, vão incorporar "a batalha de todas as empresas do Estados, empenhados em construir o socialismo do século XXI".
Em 2008, a Venezuela pretende comprovar que a região do rio Orinoco possui 270 bilhões de barris de petróleo para serem extraídos, se considerada a tecnologia atual.
Esta certificação, que é realizada por companhias estatais de países aliados, somada às reservas provadas atuais, colocaria a Venezuela à frente do líder mundial em reservas, a Arábia Saudita.
No entanto, o petróleo da faixa do Orinoco é não convencional, muito pesado, com um alto conteúdo de enxofre e de difícil exploração e comercialização, que precisa de um complexo processo antes de ser refinado.
A Venezuela, único membro latino-americano da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), é o quinto exportador mundial de bruto. Sua produção atual é de 3,09 milhões de barris por dia, e metade dessa produção é exportada para os Estados Unidos.
A Faixa do Orinoco é a única fonte importante de substituição do declínio das reservas dos campos de petróleo tradicionais da Venezuela.