Em mais um capítulo da tensão entre os dois países, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem a retirada de seu embaixador no Peru. No sábado, o governo peruano havia retirado seu embaixador de Caracas "por causa da flagrante intromissão" de Chávez nas eleições presidenciais peruanas. O agora ex-embaixador venezuelano, Cruz Manuel Martínez, disse esperar que esse seja o "último capítulo" da crise entre os países. Não houve ruptura diplomática formal.
Em uma tumultuada sessão do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) ontem, Chávez foi denunciado por comportamento "impróprio". Ele teria violado a Carta Democrática Interamericana, quando disse, em 28 de abril, que se o candidato Alan García fosse eleito seu país romperia relações com o Peru.
O representante da Venezuela na reunião, Jorge Valero, defendeu o direito "legítimo de responder às agressões" do líder venezuelano. Citou as agressões verbais de García e do atual presidente, Alejandro Toledo. García, da Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra), tem trocados farpas com o presidente venezuelano, que não se preocupa em esconder sua preferência pelo nacionalista Ollanta Humala, da União pelo Peru.
O desentendimento entre García e Chávez começou quando o venezuelano criticou o tratado de livre comércio firmado por Peru e Colômbia com os Estados Unidos. García chamou-o de "sem-vergonha", pois a Venezuela exporta grande quantidade de sua produção de petróleo para os EUA. Chávez, então, chamou García de "canalha", e foi acusado pelo presidente Toledo de se envolver em questões internas do Peru. O líder venezuelano voltou à carga e disse, no sábado, que García e Toledo eram "jacarés do mesmo poço", o que teria levado à retirada do embaixador peruano de Caracas.