O cientista sul-coreano Hwang Woo-suk, que caiu em desgraça depois que se descobriu que eram falsos os resultados de suas pesquisas com células-tronco e clonagem, foi hoje a julgamento, sob as acusações de fraude e desfalque. Hhwang havia sido indiciado há um mês, acusado de aceitar US$ 2,1 milhões em doações, motivadas pelos resultados fraudulentos de sua pesquisa, e de se apoderar de US$ 831 mil de fundos para pesquisa científica.
Ele também é acusado de comprar óvulos humanos para utilizar nas pesquisas, numa violação das leis de bioética do país. Ao depor no tribunal, Hwang negou ter falsificado os dados publicados em um artigo científico de 2004, sobre seu trabalho com clonagem. "Não me envolvi no processo, apenas recebi os resultados", disse ele. "Confiei (em meus colegas) sem dúvidas, mas foi meu erro aprovar os resultados".
Se condenado, o cientista de 52 anos poderá pegar até três anos de cadeia. A acusação abriu o caso afirmando que a fraude de Hwang é um caso "sem precedentes na história do povo coreano e do mundo". A próxima audiência do caso está prevista para julho. Hwang, que não aparecia em público desde março, parecia nervoso ao chegar ao Tribunal Central de Seul. Ele não falou com jornalistas. Fãs do cientista gritavam, "protegeremos você até o fim!", e ocuparam boa parte das galerias do tribunal.
Hwang já foi saudado como herói nacional na Coréia, e como um grande nome da ciência mundial. Mas acabou demitido em março de seu cargo como professor da Universidade Nacional de Seul, em meio a alegações de que teria forjado os dados para dois artigos científicos de repercussão internacional, publicados em 2004 e 2005.
As alegações feitas nos artigos, tratando de avanços na pesquisa com células-tronco embrionárias, haviam oferecido esperança da criação de novos tratamentos para vítimas de doenças como o mal de Parkinson e Alzheimer. A criação, por meio de clonagem, de células-tronco específicas para cada paciente, conforme alegado por Hwang, seria um avanço fundamental no surgimento de novas terapias.