Um homem não identificado assassinou um cinegrafista sueco que filmava um protesto realizado hoje em Mogadiscio, a capital da Somália. O agressor disparou um tiro à queima-roupa pelas costas no cinegrafista Martin Adler. O sueco morreu na hora. O agressor fugiu em seguida.
Um repórter da Associated Press testemunhou o assassinato. Outros jornalistas ocidentais que estavam próximos do cinegrafista não foram atingidos.
Em Estocolmo, Nina Ersman, porta-voz da chancelaria sueca, disse à Associated Press que o cidadão sueco estava na Somália a serviço do Canal 4 da televisão britânica. A emissora manifestou tristeza pelo ocorrido.
O cinegrafista filmava uma manifestação de apoio a um acordo para amenizar a tensão entre o enfraquecido governo provisório e a milícia islâmica que tomou recentemente o controle de Mogadiscio e de grande parte do sul do país africano. Os manifestantes, que também protestaram contra o que qualificaram de interferência etíope nos assuntos somalis, fugiram depois que o tiro foi disparado.
O governo provisório defende o deslocamento de mantenedores de paz africanos. O Exército da Etiópia está posicionado na fronteira com a Somália. O sentimento antiestrangeiro está em alta entre os somalis também pelas suspeitas de que os senhores da guerra que fazem frente aos milicianos islâmicos seriam financiados pela Agência Central de Inteligência (CIA, por suas inicias em inglês) para capturar supostos membros da rede extremista Al-Qaeda na Somália.
Jornalistas estrangeiros têm sido sistematicamente agredidos e assediados durante os recentes protestos realizados no país. Depois de 15 anos sem governo nem polícia, Mogadiscio figura atualmente entre as cidades mais perigosas do planeta. A capital está relativamente calma desde o início do mês, quando milicianos islâmicos expulsaram os senhores da guerra da cidade.
Líderes islâmicos participaram de uma reunião de emergência pouco depois do assassinato do cinegrafista sueco. O xeque Shariff Sheikh Ahmed, líder dos milicianos islâmicos, criticou o assassinato e prometeu encontrar os responsáveis pelo crime.