O comitê norueguês que anualmente concede o Prêmio Nobel da Paz, muitas vezes acusado de adotar um viés esquerdista em suas escolhas, dará um pequeno passo à direita no final de 2008.
O Comitê Nobel Norueguês anunciou nesta terça-feira que terminarão no ano que vem os mandatos de um membro esquerdista e de um centrista da comissão, que tem cinco integrantes.
Seus substitutos serão respectivamente do Partido Trabalhista (esquerda) e do Partido do Progresso (ultra-direita), o que dará à direita uma maioria de 3-2. Desde os primórdios do prêmio, instituído em 1901 pelo testamento do inventor Alfred Nobel, socialistas dominavam a comissão.
Mas o secretário do comitê, Geir Lundestad, disse que as diferenças entre os partidos noruegueses são tão sutis que a mudança não afetará o "internacionalismo liberal" que caracteriza o grupo.
"Somos automaticamente ligeiramente à esquerda do centro. É aí que o prêmio deve se localizar", disse Lundestad a jornalistas no Instituto Nobel, em Oslo, a poucas semanas da entrega dos prêmios de 2007.
"É claro que há diferenças entre esquerda e direita na Noruega, então haverá algum impacto, mas o impacto será muito menos dramático do que vocês pensam", afirmou.
O Nobel da Paz deste ano foi concedido ao ex-vice-presidente norte-americano Al Gore e ao Painel Intergovernamental da ONU para a Mudança Climática (IPCC).
Lundestad disse que a tradicional maioria trabalhista não significa consenso na comissão. "Os três membros [trabalhistas] dificilmente concordavam em alguma coisa, então [a mudança] tem um efeito muito menos dramático do que vocês pensam."
Desde 1977 os parlamentares são proibidos de participar da comissão, que acaba recebendo então políticos aposentados ou pessoas com ligações menos rígidas com os partidos. Basicamente, cada um dos cinco principais partidos do Parlamento tem um representante.
O presidente da comissão, Ole Danbolt Mjoes, do Partido Cristão do Povo (centro) e o vice-presidente Berge Furre, da Esquerda Socialista, terão de sair porque seus partidos perderam os mandatos na eleição de 2005.
A representante conservadora possivelmente será reconduzida por seu partido, segundo Lundestad.