Pelo menos sete pessoas morreram hoje e mais de 150 ficaram feridas - 15 gravemente - no confronto entre membros do grupo radical islâmico Hamas e milhares de palestinos que participavam de uma marcha na Faixa de Gaza para lembrar os três anos da morte de Yasser Arafat, fundador do movimento Fatah. A marcha, que reuniu mais de 250 mil pessoas, foi a maior demonstração de apoio ao Fatah em Gaza desde que o Hamas tomou o controle do território em junho, após violentos confrontos.
Hamas e Fatah acusaram-se pela violência de hoje. Um líder do Fatah em Gaza, Ahmed Helles, disse que os militantes do Hamas abriram fogo contra os manifestantes pois "não queriam permitir a cena de um número tão grande de partidários do Fatah participando da marcha". Agentes do Hamas disseram que atiraram em manifestantes que lançavam pedras contra os prédios do serviço de segurança. Já o Ministério do Interior, controlado pelo Hamas, alegou que homens armados do Fatah abriram fogo contra policiais do grupo radical islâmico em várias partes de Gaza, que revidaram ao ataque. Segundo informações, entre os feridos há vários policiais do Hamas, entre eles um que foi baleado na cabeça.
O Hamas decidiu permitir a marcha em memória de Arafat, acreditando que uma proibição seria extremamente impopular entre os palestinos. A marcha, no entanto, logo perdeu o caráter de homenagem e transformou-se em uma demonstração de força do Fatah. O movimento nacionalista qualificou a "repressão" de hoje de uma prova de que o "golpe de Estado do Hamas" na Faixa de Gaza "chegou ao fim". Segundo o porta-voz do Fatah, Sahmi Zarai, "isso foi uma demonstração de que cada vez mais pessoas rejeitam o golpe de Estado e o controle do Hamas da Faixa de Gaza".
Mensagem de ProtestoO secretário do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Abed Rabbo, qualificou a grande participação à marcha como "uma mensagem de protesto e de que os palestinos em Gaza não querem continuar sendo governados pelo Hamas". "Foi a maior manifestação realizada em Gaza. Hoje houve mais gente que quando Arafat voltou ao território em 1994", disse Abed Rabbo.
Em comunicado, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, condenou a violenta repressão da marcha, e a considerou "a evidência decisiva de que a liderança golpista do Hamas não está em sintonia com os valores nacionais e costumes e está usando a força cega e as técnicas mais brutais e sangrentas contra nosso povo em Gaza". Já Mohamed Dahlan, ex-chefe de segurança de Gaza, cujas forças foram derrotadas pelo grupo islâmico em junho, declarou que "as pessoas saíram às ruas para dizer não ao Hamas".