A oposição venezuelana convocou a população para receber a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, com um protesto denominado "maletas e valises". Cristina fará visita a Caracas nesta quarta-feira para a assinatura de vários acordos com o colega Hugo Chávez. O protesto refere-se ao escândalo da valise contendo US$ 800 mil com que o empresário venezuelano Guido Alejandro Antonini Wilson tentou entrar na Argentina ilegalmente. O caso está sendo investigado em Miami, onde reside Wilson e onde estão presos outros quatro envolvidos no caso. A Justiça norte-americana afirma que o dinheiro era destinado à campanha presidencial de Cristina e, por isso, a oposição quer que ela devolva os dólares porque "pertencem ao povo venezuelano".
Os grupos políticos do país caribenho, denominados Alianza Bravo Pueblo (ABP) e Comando Nacional de Resistência (CNR), deram uma mostra do que será o protesto na última sexta-feira, em frente à embaixada da Argentina em Caracas, quando se reuniram para entregar uma carta dirigida a Cristina. Assinada por centenas de militantes, a carta pede ao governo argentino que entregue a valise contendo os dólares sob proteção policial. Para o presidente da ABP, Antonio Ledesma, "com esse dinheiro poderiam ser atendidas milhares de crianças de rua, totalmente abandonadas e que perambulam diariamente pelas principais cidades da Venezuela".
A carta diz que o dinheiro também poderia ser usado para "a compra de materiais aos hospitais públicos que sofrem com a falta de insumos básicos". Poderiam ainda, continua, "usar o dinheiro para construir algumas casas para os venezuelanos que vivem em condições subumanas". Os manifestantes se apresentaram carregando maletas e valises cheias de supostos dólares e muitos cartazes e faixas.
O caso está sendo investigado pelos Estados Unidos e Argentina, mas não pela Venezuela. Os manifestantes querem que o assunto chegue à Justiça venezuelana também, "de onde saiu a maleta com o dinheiro e de onde decolou o avião que a levou", explica Ledesma. Para a deputada argentina da oposição Patricia Bullrich, da Coalizão Cívica, o caso "envolve forte corrupção". Ela é a única parlamentar argentina que acompanha o caso em Miami e está convencida de que as investigações "ainda vão salpicar e complicar muito mais Cristina Kirchner".
"À medida que se escutem as gravações dos detidos, as evidências que envolvem o governo Kirchner serão cada vez mais fortes", diz ela. A deputada diz que as investigações apontam para o fato de que a valise descoberta em 4 de agosto do ano passado, um dia antes da visita oficial de Hugo Chávez à Buenos Aires, não foi a primeira. "Essa foi a única pega em flagrante, mas é evidente que houve mais", acusa.