O papa Bento XVI defendeu nesta sexta-feira o papel legítimo da religião na vida pública, em um discurso à sociedade civil britânica em Westminster Hall, a mais antiga dependência do Parlamento, diante de membros do governo e vários ex-primeiros-ministros. O Pontífice expressou sua preocupação com a crescente marginalização da religião, especialmente do cristianismo, em algumas partes, inclusive em nações que dão grande ênfase à tolerância, diante de uma ampla representação de líderes de diferentes âmbitos da sociedade.
"Há quem deseje que a voz da religião silencie-se, ou ao menos que seja relegada à esfera meramente privada. Há quem afirme que a celebração pública de festas como o Natal deveria ser proibida segundo a discutível convicção de que esta ofende os membros de outras religiões, completou.
"Estes são sinais preocupantes de um fracasso no apreço, não só dos direitos dos crentes à liberdade de consciência e à liberdade religiosa, mas também do legítimo papel da religião na vida pública, completou o Papa no histórico discurso, convidando os presentes a buscar meios de promoção e fomento do diálogo entre fé e razão em suas respectivas áreas de influência. "O mundo da racionalidade secular e o mundo das crenças religiosas necessitam um do outro e não deverão ter medo de realizar um diálogo profundo e contínuo, pelo bem de nossa civilização, completou o Papa. O governo foi representado pelo vice-premier, Nick Clegg, que substituía o primeiro-ministro, David Cameron, ausente por conta do funeral de seu pai.
Entre os participantes estavam também quatro ex-primeiros-ministros, os conservadores Margaret Thatcher e John Major, e os trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown. Os dois últimos se sentaram juntos, depois da polêmica provocada pelas críticas de Blair a Brown, que o sucedeu no poder em 2007, em suas recentes memórias publicadas.