O comovente discurso do pré-candidato democrata Barack Obama sobre a divisão racial nos Estados Unidos motivado pela polêmica criada por seu antigo pastor Jeremiah Wright foi bem recebido pela opinião pública, segundo uma pesquisa publica pelo canal CBS, e também é o mais novo sucesso no site Youtube.
Sessenta e nove por cento dos americanos acreditam que Obama, que falou do "bloqueio racial" nos Estados Unidos, "da cólera dos negros" e do "ressentimento dos brancos", fez um bom discurso sobre as relações raciais.
Mais numerosos ainda (71%) são os que consideram que Obama efetivamente explicou suas relações com o pastor Jeremiah Wright, que realizou a cerimônia de casamento do senador e batizou as suas duas filhas.
Uma pequena maioria dos americanos (52%) acredita que Obama tem condições de unir o país se for eleito presidente, enquanto dois terços dentre essas pessoas (67%) tinham essa opinião no mês passado.
Obama havia denunciado as declarações "incendiárias" e os "fatores de divisão" citados pelo pastor, mas na terça-feira explicou que não podia "negar Wright, como não podia negar a comunidade negra".
Na seqüência da controvérsia e do discurso, 22% dos democratas consideram que têm agora mais possibilidade de votar em Obama e 25% dos republicanos têm menos possibilidade de votar no senador por Illinois. Uma maioria esmagadora (70% globalmente) afirma, em contrapartida, que a controvérsia da semana passada não irá influenciar no seu voto.
A pesquisa foi realizada com 542 eleitores por telefone na quinta-feira.
O discurso, além disso, está fazendo sucesso na internet e tem atraído a boa parte dos internautas e milhares estão acessando trechos de seus 37 minutos e 39 segundos de duração, algo muito longo para a web.
As buscas pelo "discurso de Obama" aumentaram 7.627% apenas um dia após o pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos evocar o tema racial, em 18 de março, informou o Yahoo Buzz, que rastreia os temas mais procurados na Web.
"Alguns situaram o discurso em um contexto histórico importante e vários especialistas o elogiaram por sua honestidade esmagadora", escreveu Molly McCall, do Yahoo Buzz.
No discurso, Obama se define como um filho de mãe branca e pai negro e expõe as tensões raciais na cultura americana que os políticos normalmente evitam discutir.
Obama se esforçou durante a semana para esclarecer suas relações com o pastor Jeremiah Wright que, segundo o senador por Illinois, tem uma "visão profundamente deformada" dos Estados Unidos.
"O grande erro do reverendo Wright não é denunciar o racismo em nossa sociedade, e sim que tenha falado como se nossa sociedade fosse estática, como se não tivesse conseguido nenhum avanço, como se esse país ainda estivesse envolvido com um passado trágico", declarou.
Além de afirmar que o "terrorismo americano" era responsável pelos ataques de 11 de setembro, disse que os negros americanos deveriam dizer "que Deus amaldiçoe os Estados Unidos" ao invés da famosa frase "Deus abençoe os Estados Unidos".
Obama enfatizou, no entanto, que "o racismo é uma questão que a nação não pode ignorar". "Os negros, recordou Obama, sofrem grandes disparidades em matéria de estudos e sucesso econômico".
Em seu discurso intitulado 'Uma Nação Mais Perfeita', o senador de Illinois fez questão de afirmar que os comentários do reverendo não condizem sua visão dos Estados Unidos.
'Condeno as declarações do reverendo Wright que causaram tanta controvérsia', afirmou Obama, reconhecendo que Wright é um crítico feroz das políticas americanas.
'Discordo de muitas de suas opiniões políticas? Com certeza. Tenho certeza que muitos de vocês já ouviram declarações de seus pastores, padres, rabinos das quais discordaram', discursou Obama.
'Wright expressou uma visão completamente equivocada deste país, uma visão que prega racismo e isso mostra o que está errado na América'.