Os Estados Unidos estão em busca de apoio entre aliados para apresentar uma queixa formal contra o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, depois de este ter defendido que o Irã deveria ter o direito de manter em atividade alguns elementos de seu programa de enriquecimento de urânio, revelaram diplomatas em Viena. Segundo as fontes diplomáticas, os EUA temem que a sugestão de ElBaradei mine as tentativas do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) de exercer pressão para que Teerã seja obrigado a abandonar completamente seu programa de enriquecimento de urânio. A AIEA é subordinada à ONU.
As fontes diplomáticas comentaram sob condição de anonimato antes da divulgação de um relatório de ElBaradei com potencial de desencadear um terceiro pacote de sanções do CS da ONU contra o Irã pela recusa da república islâmica de suspender seu programa nuclear. Os comentários das fontes diplomáticas revelam um endurecimento das posições sobre como lidar com a determinação do Irã de dar seqüência a seu programa de enriquecimento de urânio. O enriquecimento de urânio é um processo essencial para a geração de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o urânio enriquecido pode ser usado para carregar ogivas atômicas.
Os EUA e outras potências ocidentais acusam o Irã de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. O governo iraniano nega e assegura que suas usinas atômicas têm fins estritamente pacíficos de geração de energia elétrica. Nas últimas semanas, ElBaradei manifestou publicamente a opinião de que é tarde demais para obrigar Teerã a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio, conforme exige o CS da ONU, e argumentou que seria mais plausível buscar conter a expansão desse programa.
"Creio que a exigência foi superada pelos eventos", declarou ElBaradei em recente entrevista ao jornal espanhol ABC. "O importante agora é nos concentrarmos para que o Irã não atinja a escala industrial" de enriquecimento de urânio, prosseguiu. Muitos dos 35 países que integram a diretoria da AIEA compartilham a opinião de ElBaradei. Mas os EUA e seus aliados mais próximos na agência temem que essa posição enfraqueça a resolução do CS da ONU.