Os governos dos Estados Unidos e da França fizeram hoje um chamado ao Conselho de Segurança da ONU para que se pronuncie sobre a questão nuclear iraniana, diante da recusa desse país em atender à exigência de abandonar seu programa de enriquecimento de urânio.
"Os Estados Unidos acreditam que para ser digno de crédito, o Conselho de Segurança tem de agir", declarou a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, à margem da reunião de chanceleres da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas. Já o chanceler francês, Philippe Douste-Blaz, declarou que "diante da atitude de Teerã e a aceleração de seus programas", o Conselho de Segurança tem de enviar um "sinal rápido e firme".
Apesar das palavras duras, é improvável que a Rússia e a China tenham modificado sua oposição à aplicação de sanções ou qualquer insinuação de ação militar contra o Irã. Os dois países, parceiros comerciais dos iranianos, detém o direito a veto no Conselho de Segurança (ao lado de França, EUA e Grã-Bretanha).
Amanhã a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - agência da ONU que supervisiona o uso pacífico da energia nuclear, com sede em Viena - apresenta um relatório decisivo sobre as medidas adotadas pelo Irã para cumprir as determinações do Conselho de Segurança da ONU. Nos meios diplomáticos em Viena é dado como certo que esse informe, elaborado pelo diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, será negativo para o Irã.
Em 28 de março, o Conselho estipulou prazo de um mês para o Irã suspender seu programa de enriquecimento de urânio, o que não foi feito. Pelo contrário, o Irã anunciou semanas atrás que havia superado a etapa de pesquisas e passara a produzir urânio enriquecido, como primeiro passo para um programa de escala industrial. Além disso, os líderes iranianos reforçaram nos últimos dias a retórica anti-Ocidente e a ênfase em seu direito de dominar todo o ciclo nuclear.
Um vice-chefe do setor nuclear iraniano, Mohammad Saeedi, entregou hoje novos documentos sobre o programa nuclear do país à AIEA, mas diplomatas em Viena disseram ser pouco provável que esse material seja significativo a ponto de influir positivamente no relatório de ElBaradei. Em novo desafio ao Conselho, hoje o presidente Mahmud Ahmadinejad acusou a AIEA e o Conselho de tomarem decisões injustas. Na quarta-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, advertiu que se os EUA atacarem o país terão uma resposta em dobro contra seus interesses pelo mundo.